Um novo mapeamento de assassinatos e mortes incomuns do século 14, realizado nas principais cidades da Inglaterra da Idade Média, revelou que Oxford, uma cidade universitária, era a mais violenta entre elas. O estudo mostrou que os estudantes eram os mais letais entre os grupos sociais e profissionais da época.

O projeto, chamado de Mapas de Assassinatos Medievais, foi conduzido pelo Centro de Pesquisa de Violência de Cambridge e baseou-se em relatórios de inquéritos judiciais do século 14 fornecidos pelo Historic Towns Trust. A partir desses dados, o estudo demarcou locais de cenas de crime em York, Londres e Oxford e reconstruiu assassinatos e mortes súbitas nesses locais, além de localizar igrejas-santuário e prisões.

Uma cidade universitária medieval como Oxford tinha uma mistura mortal de condições. Os estudantes de Oxford eram todos do sexo masculino e normalmente tinham entre 14 e 21 anos, o pico da violência e da assunção de riscos. Eram jovens livres de controles rígidos de família, paróquia ou guilda, e jogados em um ambiente cheio de armas, com amplo acesso para cervejarias e profissionais do sexo.

Manuel Eisner, investigador do mapeamento, em comunicado

Mapa da cidade de Oxford no século 14, demarcando os locais onde aconteceram os homicídios e as armas utilizadas no crime (Crédito: Medieval Murder Maps)

Os pesquisadores acreditam que as vítimas e os assassinos estudantes da Universidade de Oxford eram membros de fraternidades e os crimes foram provavelmente cometidos devido a rixas sangrentas entre elas, além de tensões entre os jovens vindos de diferentes regiões como o Norte e Sul da Inglaterra, e da Irlanda e do País de Gales.

Relatórios dos assassinatos e mortes súbitas

Os relatórios dos legistas de assassinatos e mortes súbitas do século 14 na Inglaterra eram determinados por um júri composto por moradores locais. Eles não eram detalhados e objetivos como os modelos atuais, mas continham informações como nomes, locais, natureza dos acontecimentos e até mesmo o valor das armas utilizadas.

Depois que uma vítima era encontrada, o legista era convocado e um júri era constituído para investigar o crime. Ele era composto de homens locais e de boa reputação que tinham como objetivo entender a ordem dos acontecimentos, avaliar evidências e nomear um suspeito.

Os métodos de investigação não eram exatamente os melhores, sendo uma mistura de trabalho de detetive e uma caçada por fofocas. Esses júris podiam facilmente manipular as investigações e as decisões ao criar uma narrativa falsa e fazer com que um crime parecesse legítima defesa.

Não temos nenhuma evidência que mostre que os júris mentiram deliberadamente, mas muitos inquéritos terão sido um ‘melhor palpite’ com base nas informações disponíveis. Em muitos casos, é provável que o júri tenha nomeado o suspeito certo; noutros, pode ser um caso de dois mais dois é igual a cinco.

Stephanie Brown, historiadora e co-pesquisadora

O mapeamento realizado pelos pesquisadores está disponível para que usuários investiguem e explorem os assassinatos de Londres, York e Oxford do século 14. Além dos mapas, a plataforma conta com inquéritos e relatórios gravados em áudio, permitindo que os usuários ouçam detalhes dos casos.