Pesquisadores descobriram que milhões de pessoas no mundo são portadoras de uma variante do gene MLKL que causa morte celular “explosiva” e inflamações.

O achado pode explicar por que alguns pacientes podem desenvolver doenças inflamatórias persistentes e que só melhoram com tratamentos alternativos, por exemplo.

O que é a morte celular?

Morte celular explosiva

A necroptose, controlada por um gene chamado MLKL, é a mais agressiva de todas e literalmente explode as células, acionando um alerta no sistema imunológico e liberando moléculas que promovem inflamação.

Um novo estudo liderado por pesquisadores do Instituto Walter e Eliza Hall (WEHI) em Melbourne, Austrália, examinou como a morte celular por necroptoseé afetada quando o gene que a controla é alterado.

Imagem: Reprodução/Instituto Walter e Eliza Hall

Descobertas do estudo

“Quando a necroptose é descontrolada ou excessiva, a resposta inflamatória pode desencadear doenças”, explica Sarah Garnish, autora principal da pesquisa.

Os pesquisadores descobriram que algumas pessoas nascem com polimorfismo – variantes de uma sequência específica de DNA no aminoácido do MLKL (S132P), aumentando a sua capacidade de “exterminar” células.

Para a maioria de nós, o MLKL irá parar quando o corpo pedir para parar, mas 2-3% das pessoas têm uma forma de MLKL que responde menos aos sinais (…) quando se considera a população global, isto equivale a muitos milhões de pessoas portadoras de uma cópia desta variante genética

Sarah Garnish, autora principal da pesquisa

Como foi feita a pesquisa

Os investigadores dizem que a importância das suas descobertas reside na forma como este tipo de variação genética interage com outros fatores — estilo de vida, histórico de infecções e mais —, para gerar doenças.

Ainda não marcamos esta variante do gene MLKL para nenhuma doença em particular, mas vemos um potencial real para ela se combinar com outras variantes genéticas e outros sinais ambientais para influenciar a intensidade da nossa resposta inflamatória

Joanne Hildebrand, autora correspondente do estudo

Por fim, também será investigado se a necroptose “descontrolada” pode ser benéfica em algumas circunstâncias. “Estamos analisando as desvantagens de ter essa mudança genética, mas também procuramos as vantagens”, diz o estudo. “Alterações genéticas como esta normalmente não se acumulam na população ao longo do tempo, a menos que haja uma boa razão para isso”.

As informações são do New Atlas. O estudo, por sua vez, foi publicado na revista Nature Communications.