O Manchester United é o lanterna do grupo A da Liga dos Campeões, sem qualquer ponto. É, também, o décimo colocado na Premier League. A temporada, abaixo do rendimento esperado, frustra o início de campanha de André Onana com os Diabos Vermelhos. O goleiro, que chegou ao clube como grande solução para o estilo de jogo proposto por Erik ten Hag, afunda junto com o time, e vive um verdadeiro pesadelo no Teatro dos Sonhos.
Onana foi feliz em Amsterdã com ten Hag. Foi lapidado pelo treinador para ser protagonista na saída de bola sustentada do Ajax que fez grandes campanhas dentro e fora da Holanda. Por isso, foi chamado pelo técnico e contratado a peso de ouro para substituir De Gea, lenda do United.
Até aqui, porém, a primeira fase de construção do time de ten Hag é o principal pesadelo do técnico. Com Onana, o United inicia as jogadas buscando aproximações para avançar em jogo apoiado, ou seja, com jogadores próximos que avançam o campo, em conjunto, com passes curtos e triangulações.
Apesar de ter jogadores com características favoráveis a uma saída sustentada, como Lisandro Martínez, zagueiro canhoto com ótimo passe vertical; Casemiro, protagonista tantos anos na primeira fase de construção do Real Madrid que dominou a Europa; e o próprio Onana, ten Hag não criou mecanismos coletivos para o jogo fluir do campo de defesa até o meio-campo e, em seguida, ao ataque. Tanto que Onana, muitas vezes, é obrigado a sair em ligação direta. O que não é seu forte.
Entre os goleiros do big six da Premier League, Onana é o que tem menor aproveitamento de passes longos certos (54%), bem distante de Sánchez, do Chelsea, e Ederson, do City, com 75%, e de Ramsdale, do Arsenal, que tem 66%. A tentativa de atrair os rivais para achar Marcus Rashford com passe longo pela canhota, usando as costas das defesas inimigas, foi pouco eficiente até o momento e anulou o que Onana oferece de melhor na primeira fase de construção, que é agilidade com os pés para construir com passes curtos ou médios.
O erro de passe contra o Galatasaray, nesta terça, que resultou no pênalti e na expulsão de Casemiro, expôs o problema, que é apenas um dos que Onana enfrenta no início de carreira no United. O goleiro já sofreu 18 gols em dez jogos, uma média de 1,8 por partida. A média na Champions é ainda maior, de 3,5 por jogo. Onana é o terceiro goleiro mais vazado do torneio.
Contra o Bayern, ao tentar segurar um chute de fora da área de Sané, Onana permitiu a entrada da bola em uma de suas falhas na temporada. Contra o Arsenal, levou gol em arremate, desviado, é verdade, que passou entre ele e a trave. Lances que ajudam a minar a confiança em um início de temporada para se esquecer.
“Eu vou apoiá-lo e encorajá-lo. Ele é um ótimo goleiro. Nós temos que nos acalmar e olhar para frente. Sábado temos de ir de novo. A energia, o contratempo, a frustração que temos terá de nos dar combustível para seguir”, disse ten Hag após a derrota para o Galatasaray.
Onana foi uma aposta do United para o futuro. Tem uma trajetória que suporta a sua escolha como novo camisa 1 do clube, e uma experiência com o próprio ten Hag que possibilita acreditar em um cenário diferente em um futuro próximo. O sonho, por hora, virou pesadelo. Só Onana e ten Hag podem inverter o quadro novamente para Old Trafford voltar a ser o Teatro dos Sonhos para o goleiro, e também para os torcedores dos Diabos Vermelhos.
Fonte: Ogol
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