O Papa Francisco tem como marca fazer declarações sobre assuntos considerados fundamentais para o futuro da humanidade. Após defender a regulamentação imediata da inteligência artificial (veja mais clicando aqui), o líder da Igreja Católica agora fez um apelo para que adoção de uma transição energética seja obrigatória.

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“Mundo está desmoronando”, diz Papa

Apelos e críticas do líder da Igreja Católica

O Papa Francisco, de 86 anos, fez um apelo para que se aproveite o encontro, de modo a obter “compromissos efetivos”. Ele também criticou as pessoas que, nos últimos anos, “tentaram zombar” da constatação dos estragos causados pelo aquecimento global, que incluem secas, inundações e tufões, e que atingem de forma especialmente dura os países mais vulneráveis.

Com o passar do tempo, noto que não temos reações suficientes enquanto o mundo que nos acolhe está desmoronando e talvez se aproximando de um ponto de ruptura. Se houver um interesse sincero em tornar a COP28 histórica (…) cabe esperar apenas formas vinculantes de transição energética que tenham três características: que sejam eficientes, que sejam obrigatórias e que possam ser facilmente monitoradas.

Papa Francisco

No texto, o líder da Igreja Católica ainda desafiou os líderes mundiais a se comprometerem com metas para abrandar as alterações climáticas antes que seja tarde demais e alertou que a Terra está cada vez mais próxima de um “ponto sem retorno”.

Agora não conseguimos deter os enormes danos que causamos. Mal temos tempo para evitar danos ainda mais trágicos. O que nos é pedido nada mais é do que uma certa responsabilidade pelo legado que deixaremos, quando deixarmos este mundo.

Papa Francisco

Papa Francisco cobrou compromissos efetivos na luta contra o aquecimento global (Imagem: Barnaby Chambers – Shutterstock)

O Papa ainda criticou pessoas, inclusive de dentro da Igreja Católica, que duvidam do fenômeno e da gravidade da mudança climática. O santo padre apontou que são falsos os argumentos de que a transição para a energia limpa geraria perda de empregos e citou dados para ancorar a convicção de que a atividade humana está por trás da crise.

No documento, Francisco entra a fundo no debate sobre a mitigação das atividades causadoras da mudança climática — caminho defendido pelos ambientalistas — e a adaptação aos efeitos do aquecimento, uma estratégia “a posteriori” que muitos interesses industriais defendem para que não sejam prejudicados.

O bispo de Roma é partidário da mitigação, ao considerar que “a transição de que se necessita, para energias limpas como a eólica e a solar, abandonando os combustíveis fósseis, não tem a velocidade necessária”. E adverte sobre o risco de se concentrar na adaptação aos efeitos já consumados da mudança climática.

Corremos o risco de ficarmos presos na lógica de corrigir, colocar remendos, amarrar com arame, enquanto sob a superfície avança um processo de deterioração que continuamos alimentando. Supor que qualquer problema futuro poderá ser resolvido com novas intervenções técnicas é pragmatismo homicida, como chutar uma bola de neve para frente.

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