De 2014 a 2022, Neymar foi alvo repetido da ira dos torcedores nos fracassos da seleção brasileira. Um cobrança tão excessiva como natural, considerando o papel de protagonista incontestável, e solitário, do atacante na última década. Há muitos que ainda creditam fracassos a sua presença. O foco da preocupação deveria estar em outro ponto: quem assumirá o protagonismo neste novo ciclo?
Em 2026, Neymar terá 34 anos, e não é certo sequer se continuará na ativa. O atacante já deu indícios de que está cansado da rotina do futebol, além de ter se mudado para a pouco competitiva liga da Arábia Saudita. O candidato mais forte para assumir a responsabilidade na seleção é o de Vinícius Júnior, com o apoio de seu parceiro de Real Madrid, Rodrygo. A passagem de bastão, até o momento, não tem sido fácil.
O empate desta quinta-feira, em casa, contra a Venezuela, expôs mais uma vez problemas da seleção que se arrastam desde os tempos de Tite. A falta de um centroavante confiável é um deles. Mas não havia grandes expectativas sobre Richarlison. É de Rodrygo e, principalmente, de Vinícius Júnior que se espera algo de diferente no setor ofensivo. E a dupla foi mal nesta quinta, e ainda apresentou pouco mais de lampejos com a camisa canarinha.
Vini deveria ser solução para o Brasil. Por algum motivo, se transformou em um problema. Não apenas por suas exibições opacas, mas por uma dificuldade em encaixar o principal atleta da nova geração no esquema da seleção. Tite adaptou no fim do ciclo para 2022 um esquema com Neymar como o “camisa 10”, em detrimento a Paquetá, que passou a atuar mais recuado ao lado de Casemiro. Desta forma, poderia aproveitar Vini e Ney, sem abrir mão de um centroavante, no caso Richarlison.
O esquema não brilhou, nem Vini, embora tenha exibido bons momentos na Copa do Mundo. Tite não pareceu convencido da própria solução e chegou a substituir o ponta esquerda no segundo tempo contra a Croácia, em uma das decisões mais contestadas do treinador em sua passagem pela seleção. Estrela no Real Madrid, o jogador, na realidade, deu poucos motivos pelo Brasil para o técnico pensar diferente.
A estreia de Vini com Fernando Diniz representou o 24º jogo do jogador pela seleção. O saldo: três gols e três assistências. Muito pouco. Sem o mesmo prestígio, por exemplo, Raphinha mostrou-se muito mais efetivo atuando no lado oposto, com seis gols e cinco assistências para o ponta do Barcelona, em 18 partidas.
Um ano mais novo que Vini, Rodrygo também ainda não deu o salto qualitativo que se esperava, nem parece ter se adaptado, no Real Madrid, à função de “falso 9”. Pela seleção, o Rayo soma quatro gols e duas assistências em 18 jogos. Um pouco melhor que seu parceiro de clube, se considerarmos os poucos minutos jogados – foi titular apenas seis vezes.
A diferença para Neymar, mesmo longe do auge, é gritante. Neymar marcou quatro gols e distribuiu quatro assistências apenas nos últimos cinco jogos, com três técnicos diferentes. Nas suas últimas 15 partidas na seleção, o craque só não contribuiu com gols duas vezes – na vitória contra a Sérvia, pela Copa, e no empate com a Colômbia, nas eliminatórias.
Por enquanto, Vini e Rodrygo podem se abrigar da chuva de cobranças atrás da imagem de Neymar, e de alvos mais fáceis, como Richarlyson, Ramon Menezes e Fernando Diniz. Mas a história na seleção mostra que os torcedores não costumam poupar nem mesmo os grandes atletas, e o único caminho para diminuir a pressão é dar a resposta em campo.
Fonte: Ogol
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