Chegou o grande dia! Neste sábado (14), quase um bilhão de pessoas em grande parte do continente americano poderão assistir à passagem da Lua entre o Sol e a Terra criando um verdadeiro espetáculo celeste: o eclipse solar.

Em determinadas localidades, o fenômeno vai formar um “anel de fogo” no céu, inclusive em uma estreita faixa do Norte e Nordeste do Brasil – sendo por isso chamado de eclipse solar anular. 

Preparamos um guia completo para que você saiba tudo sobre este que, sem dúvida, está entre os mais espetaculares eventos astronômicos observáveis da Terra. 

Animação conceitual mostra o que esperar do eclipse solar anular deste sábado (14). Crédito: NASA

O que você vai saber aqui:

O que é um eclipse solar

Um eclipse solar ocorre quando a Lua passa entre a Terra e o Sol lançando uma sombra sobre determinada área do planeta e bloqueando total ou parcialmente a luz solar. Existem três tipos mais conhecidos desse fenômeno: parcial, anular e total. Há ainda um quarto padrão, mais raro, que praticamente mistura todos eles: o eclipse solar híbrido (como o que aconteceu em abril deste ano).

Um eclipse solar anular registrado em 2012, em Tóquio, no Japão. Crédito: THEJAB – Shutterstock

O eclipse parcial é o tipo mais comum, que acontece quando apenas uma parte do Sol é coberta pela Lua. Nesse caso, praticamente não há alteração da luminosidade do dia. Por sua vez, o eclipse total se caracteriza quando todo o disco solar é bloqueado pela Lua, fazendo o dia escurecer por completo. Já sobre o anular (como o que vai acontecer daqui a pouco), você descobre no próximo tópico.

Por que o eclipse deste sábado é chamado de anular

Este tipo de eclipse solar é bem parecido com o total, porque a Lua cobre o Sol, mas deixa um círculo de luz visível em seu entorno – o chamado “anel de fogo”. Isso acontece porque ela está mais distante da Terra (no apogeu ou próximo a ele), fazendo com que sua circunferência aparente seja menor que a do Sol.

No caso do eclipse de hoje, por exemplo, a Lua atingiu o apogeu na terça-feira (10), estando ainda a uma distância suficiente para formar o “anel de fogo”.

Em um eclipse solar anular, a Lua não cobre totalmente o Sol, deixando um “Anel de Fogo” aparente. Crédito: Darkfoxelixir – Shutterstock

A distância da Lua em relação à Terra varia porque sua órbita não é perfeitamente circular – é ligeiramente oval, traçando um caminho conhecido por elipse. À medida que ela atravessa esse caminho elíptico ao redor do planeta a cada mês, sua distância se alterna entre 356.500 km no perigeu (aproximação máxima) e 406.700 km no apogeu.

Área de abrangência e horários em cada capital do Brasil

A região de abrangência na faixa de totalidade recairá sobre os oceanos Pacífico e Atlântico. Em consequência, uma vasta região das Américas terá visibilidade das fases de anularidade total e parcial – que é o caso no Brasil.

Natal (RN) e João Pessoa (PB) são as duas capitais brasileiras que contemplarão o eclipse em sua maior magnitude – 0,953 e 0,949, respectivamente. Em ambos os locais, o evento começa por volta das 15h30 até quase 16h50, com duração da anularidade máxima em torno de 3,5 min. Para saber sobre as demais capitais do país, clique aqui.

O eclipse será parcial nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Em São Paulo, a magnitude máxima será de 0,488, às 16h49 min. Nesta “Calculadora do Eclipse” do Time and Date, você descobre as informações sobre o evento na sua cidade.

Como assistir online com o Olhar Digital

Se você não quiser perder nenhum detalhe desse fenômeno incrível, poderá acompanhar tudo em tempo real com o Olhar Digital, em uma live super especial com a participação de convidados e imagens exclusivas.

A transmissão começa às 14h, em todas as plataformas do Olhar Digital – no site, no canal do YouTube e nas redes sociais Facebook, Instagram, Twitter, LinkedIn e TikTok.

Veja a formação do “Anel de Fogo” no céu do Nordeste brasileiro, ao vivo, com o Olhar Digital. Crédito: luchschenF – Shutterstock

A apresentação é de Bruno Capozzi, nosso editor-executivo, Lucas Soares, editor de Ciência e Espaço, e do astrônomo Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) e diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (Bramon).

Eles estarão acompanhados de Fabricio Pereira Colvero, servidor do Instituto Federal Farroupilha (IFFar) em Santa maria (RS) e astrônomo amador há mais de 20 anos, desenvolvendo projetos sociais voltados à divulgação científica, com ênfase nas áreas de astronomia, sensoriamento remoto e meteorologia.

Como observar em segurança

Olhar diretamente para o Sol oferece sérios riscos, principalmente durante os eclipses. Por isso, estando ou não na faixa de anularidade máxima, você deve estar adequadamente protegido durante todo o evento. E, para isso, não servem óculos escuros, filmes fotográficos nem chapas de radiografias. Neste link, você descobre quais são os métodos de proteção recomendáveis para assistir ao eclipse.

Óculos apropriado para observação do eclipse. Crédito: Marcelo Zurita

Última ocorrência no país

A última vez que um eclipse “anel de fogo” foi visto no Brasil foi em 24 de abril de 1995. Já um eclipse total do Sol não é observado por aqui desde 3 de novembro de 1994, ou seja, há quase três décadas. Saiba aqui como foi.

Segundo a NASA, naquela ocasião, astrônomos franceses, belgas, americanos, russos, georgianos e lituanos estiveram na região por causa do evento. Cerca de 50 estudiosos, entre brasileiros e estrangeiros, coletaram dados para 16 pesquisas relacionadas à coroa solar, a parte mais externa do Sol, que só se vê em eclipses solares totais.

O que acontece durante um eclipse

Um dos efeitos que mais chamam a atenção durante um eclipse solar é “o dia virando noite” por alguns minutos. No entanto, isso é apenas o mais evidente. 

Conforme a Lua vai encobrindo o Sol, a quantidade de energia solar que chega ao solo diminui, causando uma queda na temperatura do ar. Progressivamente, a sombra da Lua pode causar pequenas variações na força e direção do vento. 

Além disso, o comportamento de animais e plantas é afetado pela queda dos níveis de luz, como se tivesse mesmo anoitecido. Quando “a noite volta a ser dia”, eles retomam seus padrões de conduta habituais.

O comportamento de animais e plantas é afetado pelos eclipses solares. Crédito: BERNAMA / Ariff Sarbri / fotowarung.net

Neste link, você conhece toda a linha do tempo do eclipse, desde o primeiro contato entre a Lua e o Sol até o último.

Próximos eclipses solares

Em 8 de abril de 2024, haverá um eclipse solar total, mas o evento será visível somente na América do Norte. Já o próximo eclipse solar anular, que acontece em 02 de outubro do mesmo ano, será observável apenas no extremo sul da América do Sul e em parte do oceano Pacífico.

Em 2025, haverá dois eclipses solares parciais, sem que nenhum deles possa ser visto no Brasil.

O alinhamento entre Lua, Terra e Sol volta a acontecer em 17 de fevereiro de 2026, mas praticamente só será visível na Antártica. Em 6 de fevereiro de 2027, há um novo eclipse anular, que poderá ser visto no Brasil – no entanto, apenas no Chuí, extremo sul do país.

Quase 20 anos depois, em 2 de agosto de 2046, os estados brasileiros de Sergipe e Alagoas verão um eclipse solar total.