A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que a infertilidade já afeta um em cada seis casais em idade reprodutiva no mundo, sendo em metade das vezes originada no homem. Buscando formas de combater esse fenômeno, uma equipe composta por cientistas de diversos países desenvolveram relatório com dez recomendações para tentar impedir o declínio da fertilidade masculina.

Publicado na revista Nature Reviews Urology, o relatório destaca que os diagnósticos significativos e tratamentos direcionados não estão disponíveis por questões que vão desde investimentofinanceiro até práticas clínicas não-padronizadas.

Por muito tempo, a ciência e a medicina que trata da saúde reprodutiva masculina estiveram nas sombras. Se quisermos realmente compreender os riscos para a saúde reprodutiva masculina e saber como lidar com eles, precisamos de grande mudança na forma como isto acontece.

Neste documento, nosso grupo de trabalho propôs suas dez principais recomendações que espera poder ajudar a impulsionar a investigação e a educação sobre a saúde reprodutiva masculina em todo o mundo.

Allan Pacey, professor da Universidade de Manchester (Reino Unido)

“É fundamental uma ação urgente e mundial para implementar nossas recomendações”, afirmou Moira O’Bryan, Reitora de Ciências da Universidade de Melbourne (Austrália). “A diminuição da qualidade do sêmen e o aumento da frequência de câncer testicular e de defeitos congênitos no sistema urogenital indicam que, globalmente, a saúde reprodutiva masculina diminuiu nas últimas décadas.”

As recomendações do estudo

Confira, a seguir, as dez recomendações dos especialistas:

  1. Os governos, os sistemas de saúde, as companhias de seguros e o público devem compreender e reconhecer que a infertilidade masculina é condição médica comum e grave e que os pacientes têm direito a diagnósticos significativos e tratamentos específicos;
  2. Estabelecer rede global de registos e biobancos contendo informações clínicas e de estilo de vida padronizados e tecidos de homens férteis e inférteis, de seus parceiros e de crianças, vinculando-os aos sistemas nacionais de dados de saúde;
  3. Implementar protocolos e incentivos para padronizar a coleta de tecidos não-identificados e dados clínicos/de estilo de vida;
  4. Financiar mais investigação internacional e colaborativa para compreender as interações e impactos dos fatores genéticos, do estilo de vida e ambientais na fertilidade masculina em diversas populações;
  5. Integrar o sequenciamento genômico no diagnóstico da infertilidade masculina;
  6. Desenvolver testes diagnósticos adicionais para melhorar o diagnóstico e a causa da infertilidade masculina;
  7. Testar rigorosamente o impacto na fertilidade masculina de compostos – especialmente produtos químicos desreguladores endócrinos – em produtos, no local de trabalho e no meio ambiente. Implementar regulamentos e políticas e desenvolver alternativas seguras;
  8. Testar rigorosamente estratégias de reprodução medicamente assistida antes de serem integradas na prática clínica;
  9. Campanhas de educação pública para promover a discussão sobre a infertilidade masculina e o envolvimento na procura de cuidados de saúde;
  10. Melhorar a formação dos profissionais de saúde para promover a saúde reprodutiva masculina ao longo da vida.