Autoridades sanitárias temem que uma doença bacteriana que vem devastando cerca de 20 espécies de palmeiras no sul dos Estados Unidos nas últimas duas décadas possa chegar ao Brasil em breve. Conhecida como bronzeamento letal, ela já está presente em países do Caribe. Um estudo mostrou que as plantas infectadas liberam altas concentrações de gases para alertar sobre a ameaça.

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Descoberta pode ajudar no tratamento da infecção das palmeiras

Cientistas querem usar os gases liberados pelas palmeiras para criar tratamentos contra a infecção (Imagem: Pla2na/Shutterstock)

Impactos econômicos e ambientais

Causado pelo fitoplasma Candidatus Phytoplasma aculeata e espalhado para a planta pelo inseto-vetor Haplaxius crudus durante a alimentação, o bronzeamento letal causa o escurecimento das folhas, apodrecimento e morte da palmeira devido ao entupimento do fluxo do floema (tecido pelo qual a seiva é transportada).

O processo é seguido pela queda da copa da palmeira Sabal palmetto, nativa da Flórida. Além de ser responsável por perdas econômicas para empresas paisagísticas e de viveiros, ele também reduz a proteção que essas plantas oferecem contra enchentes.

No caso do Brasil, estima-se que os danos seriam significativos: o país possui cerca de 280 mil hectares cultivados com coqueiro e produz dois bilhões de frutos por ano para alimentação, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

O objetivo da pesquisa foi buscar opções de tratamento para as palmeiras infectadas. Em trabalho anterior, conduzido na Universidade da Flórida, a pesquisadora testou a aplicação de tratamentos com bioformulações diretamente dentro das plantas (técnica conhecida como endoterapia vegetal) usando um equipamento endoterápico pressurizado específico para palmeiras e desenvolvido no Brasil.

Testes prévios, cujos resultados foram publicados na revista Analytical Methods, já haviam mostrado a capacidade da técnica de controlar lagartas de coqueiro, que causam prejuízo entre produtores nacionais, de forma rápida e com menos produtos.

No estudo mais recente, a bolsista desenvolveu um método de análise que envolve a técnica de cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (GC-MS, na sigla em inglês) e mostrou que as folhas das palmeiras infectadas liberam altas concentrações de biomarcadores voláteis (os compostos hexanal e E-2-hexenal) que avisam as plantas próximas sobre uma possível ameaça.

Essas, por sua vez, passaram a liberar outros tipos de marcadores (3-hexenal e Z-3-hexen-1-ol), emitidos por plantas sob estresse, caracterizando uma comunicação entre as plantas. Já as palmeiras não infectadas ou ameaçadas não liberam esses biomarcadores.