Quase metade de todas as licitações de ferramentas usadas para fabricar chips semicondutores na China, entre janeiro e agosto de 2023, foram vencidas por empresas chinesas. O dado indica um aquecimento da indústria doméstica, uma reação ao endurecimento cada vez maior das restrições aplicadas pelos Estados Unidos à Pequim no que ficou conhecido como a “guerra dos chips“.

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Fabricantes como a Naura e a AMEC estão ganhando cada vez mais espaço na indústria de chips à medida que os fabricantes correm para substituir equipamentos fabricados no exterior por alternativas domésticas.

Segundo dados da Huatai Securities, 47,25% de todas as 182 licitações do setor realizadas até agosto de 2023 foram vencidas por fabricantes locais. No recorte de julho a agosto de 2023, 62% dos processos foram vencidos por fornecedores chineses, em comparação com apenas 36,3% de março a abril.

Segundo analistas, o cenário comprova os esforços da China para atingir a autossuficiência na produção dos chips. As informações são da Reuters.

Nos últimos dias, a Casa Branca prometeu endurecer ainda mais as proibições de exportação para Pequim. Os chineses reagiram e afirmaram que a medida viola os princípios da economia de mercado e da concorrência justa.

Chips da Intel
Chips semicondutores impulsionam nova disputa entre EUA e China (Imagem: Wallpaper Flare)

Aumento da receita de empresas chinesas

A receita relacionada a equipamentos dos 10 maiores fabricantes de equipamentos nacionais da China cresceu 39% no primeiro semestre de 2023, na comparação com o ano anterior. Isso representa US$ 2,2 bilhões em vendas, de acordo com um relatório da CINNO Research.

As empresas chinesas têm estocado equipamentos de chips fabricados no exterior, principalmente do Japão e da Holanda. Os países, no entanto, devem seguir o exemplo dos EUA e proibir essas vendas no futuro próximo. Por isso, a alternativa precisa ser doméstica.

Analistas afirmam que os fabricantes chineses estão melhorando a qualidade dos produtos e acentuando os níveis de produção para suprir a demanda chinesa. Mas um dos desafios continua sendo a litografia, que requer óptica extremamente complexa e precisão de processo.

A China não conseguiu adquirir máquinas de litografia ultravioleta extremo (EUV) necessárias para fabricar os chips mais avançados. O relatório da Huatai Securities revelou que, nos primeiros oito meses de 2023, apenas um concurso para equipamento de litografia foi vencido por uma empresa chinesa.

As importações chinesas de máquinas de litografia e componentes usados nessas máquinas da Holanda aumentaram 81,2% neste ano, para 3,3 bilhões de dólares de janeiro a agosto. A holandesa ASML, maior empresa de tecnologia da Europa e fabricante da tecnologia avançada, informou que as vendas para a China representaram quase metade de sua receita no terceiro trimestre de 2023.

Disputa entre EUA e China

Além de fomentar a produção nacional de chips e o desenvolvimento da inteligência artificial, o governo dos Estados Unidos tenta impedir o acesso da China aos produtos.

Pequim foi impedida não apenas de importar os chips mais avançados, mas também de adquirir os insumos para desenvolver seus próprios semicondutores e supercomputadores avançados, e até mesmo dos componentes, tecnologia e software de origem americana que poderiam ser usados para produzir equipamentos de fabricação de semicondutores para, eventualmente, construir suas próprias fábricas para fabricar seus próprios chips.

Além disso, cidadãos americanos não podem mais se envolver em qualquer atividade que apoie a produção de semicondutores avançados na China, seja mantendo ou reparando equipamentos em uma fábrica chinesa, oferecendo consultoria ou mesmo autorizando entregas a um fabricante chinês de semicondutores.

Importância dos chips semicondutores