As estruturas corporais de alguns animais ainda intrigam a ciência. É o caso da espécie Tripedalia cystophora, cubomedusas que habitam a região do Caribe e que se distinguem das verdadeiras águas-vivas em razão dos 24 olhos que compõem seu sistema visual complexo. Outra marca desses seres vivo é que eles não têm cérebro. Mesmo assim, os animais podem aprender, de acordo com um artigo publicado por pesquisadores na Current Biology.
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Evolução da aprendizagem
Águas-vivas mudaram seu comportamento
A equipe de pesquisadores decidiu focar em uma rápida mudança de direção que as cubomedusas executam quando estão prestes a colidir em uma raiz de mangue. Esses obstáculos se elevam pela água e a turbidez gerada, que varia dependendo do dia, torna difícil saber qual a verdadeira posição dessa raiz. Por isso, os cientistas queriam entender como os animais conseguem saber quando estão prestes a se chocar com ela.
A hipótese era que elas precisam aprender isso. Quando elas voltam para esses habitats, elas têm que aprender: como está a qualidade da água hoje? Como o contraste está mudando hoje?
Anders Garm, biólogo da Universidade de Copenhague e autor do artigo
No laboratório, os pesquisadores produziram imagens de listras alternadas escuras e claras, representando as raízes de mangue e a água, e as usaram para revestir o interior de baldes com cerca de seis polegadas de largura. Quando as listras eram um preto e branco contrastante, representando uma clareza ótima da água, as cubomedusas nunca chegavam perto das paredes do balde. No entanto, com menos contraste entre as listras, elas imediatamente começaram a colidir com elas.
Após algumas colisões, as cubomedusas mudaram seu comportamento. Menos de oito minutos após chegarem ao balde, elas estavam nadando a uma distância 50% maior do padrão nas paredes e quase quadruplicaram o número de vezes que realizaram sua manobra de meia-volta.
Além disso, os pesquisadores removeram neurônios visuais das cubomedusas e os estudaram em uma placa. As células foram expostas a imagens listradas enquanto recebiam um pequeno pulso elétrico para representar a colisão. Em cerca de cinco minutos, as células começaram a enviar o sinal que faria uma cubomedusa inteira se virar.
Os resultados sugerem que as cubomedusas possuem algum nível de memória de curto prazo, pois podem mudar seu comportamento com base em experiências passadas. A pergunta agora é: por quanto tempo elas se lembram do que aprenderam? Se forem retiradas do tanque por uma hora e depois retornarem, elas precisam aprender tudo de novo?
Os pesquisadores esperam identificar quais células específicas controlam a capacidade das cubomedusas de aprender com a experiência. E também querem determinar se essa capacidade de aprender foi uma das razões pelas quais os animais continuam vivos até hoje.
Fonte: Olhar Digital
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