Durante muito tempo, os gamers com deficiências de diversos tipos enfrentaram dificuldades para desfrutar de seus jogos, pois os joysticks sempre foram pensados para quem não possui nenhum problema físico.
Apenas em 2018, a Microsoft tentou diminuir essa distância ao lançar um controle adaptativo para o Xbox, o que agradou muito à comunidade especial. Contudo, jogadores de Nintendo e PlayStation ainda sentiam dificuldades e certo “desamparo”.
Mas isso começou a mudar em 2021, quando a Sony passou a trabalhar no PlayStation Access, seu próprio joystick preparado para deficientes.
Paul Amadeus Lane, que sofreu um acidente que o deixou tetraplégico há 30 anos, contou à CNN que ficou muito feliz quando recebeu uma ligação da Sony para auxiliar a empresa em “projeto secreto”, e que ficou muito feliz ao saber qual era esse projeto.
Antes do Access, Lane precisava jogar seus games favoritos com seu queixo, lábios e bochechas.
Os jogos podem ajudar com as barreiras sociais que existem, especialmente com o isolamento social. E nos coloca em ambiente no qual podemos nos divertir sem sermos julgados por nossa deficiência.
Paul Amadeus Lane, deficiente físico, em entrevista à CNN
PlayStation Access
No Blog do PlayStation, o gerente sênior de programa técnico para o Access, Alvin Daniel, afirmou que a equipe de desenvolvimento aprendeu rapidamente que “não existem duas pessoas que possuam deficiência exatamente da mesma maneira”.
Daniel prosseguiu, afirmando que a equipe de criação teve a ajuda de jogadores e especialistas em acessibilidade para conceber um controle que fosse o mais acessível possível.
Com esse auxílio, “mergulhamos profundamente para entender o que queríamos ajudar a resolver. E isso veio com um pensamento muito interessante: ao invés de olharmos as condições ou impedimentos do jogador, nós olhamos para o controle”.
Olhe para o controle padrão que existe hoje [DualSense] E pergunte a si a questão, ‘o que impede alguém de interagir efetivamente com um controle padrão?’.
Alvin Daniel, gerente sênior de programa técnico para o Access, em postagem no blog do PlayStation
Por sua vez, Lane afirmou que ele está empolgado pela forma como o Access deu a ele a habilidade de jogar jogos de corrida novamente pela primeira vez desde seu acidente.
Eu não podia jogar jogos de corrida por conta da destreza necessária com as mãos e pela rapidez com a qual as coisas se movem. E, quando eu pude experimentar o ‘Grand Turismo’, eu estava pensando: ‘Posso jogar e jogar games de corrida de novo!’
Paul Amadeus Lane, deficiente físico, em entrevista à CNN
“Eu não dirigi nos últimos 30 anos”, Lane acrescentou. “Voltar a jogar me levou de volta à época na qual eu dirigia.”
Outro jogador que possui deficiência é Grant Stoner, que possui atrofia muscular espinhal tipo dois, uma desordem neuromuscular.
À CNN, o rapaz, que considera os jogos uma forma de inclusão, mas que vê a indústria de games pouco preocupada com a inserção dos deficientes nesse universo, também está empolgado com a novidade da Sony.
Stoner também entende que o preço do gadget é relativamente baixo quando comparado às outras opções disponíveis no mercado. Contudo, ele entende que ainda há trabalho a ser feito para ampliar a inclusão.
A indústria precisa entender que, enquanto os controles de Xbox e PlayStation possuem benefícios, eles não podem ajudar a todos. Não é uma solução perfeita.
Grant Stoner, deficiente físico, em entrevista à CNN
Precisamos continuar inovando em torno dos jogos – nos aspectos do software e hardware – porque nada do que temos atualmente é totalmente acessível a todas as pessoas com deficiência. Não sei se isso vai acontecer, só devido ao quão individualista é a experiência das pessoas com deficiência, mas atualmente há sempre mais trabalho a ser feito e a indústria precisa se lembrar disso.
Grant Stoner, deficiente físico, em entrevista à CNN
Fonte: Olhar Digital
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