Cineastas renomados levantaram um alarme sério durante uma conferência sobre inteligência artificial (IA) em Paris, organizada pela Unesco. Segundo eles, a IA poderia assumir o controle não apenas do cinema, mas de diversas áreas da atividade humana.

Para quem tem pressa:

Joseph McGinty Nichol, diretor de “O Exterminador do Futuro: A Salvação”, pintou um cenário apocalíptico. Ele afirmou que a IA poderia substituir centenas de milhares de profissionais na indústria cinematográfica, incluindo atores, roteiristas e artistas de efeitos visuais, nas próximas décadas.

Os especialistas advertem que a regulamentação da IA é crucial para preservar a criatividade e os empregos na indústria do entretenimento, conforme publicado pelo Euronews.

Inteligência artificial no cinema

Mãos robóticas sobre teclado
(Imagem: Thinkstock)

A discussão central gira em torno da capacidade da IA de criar conteúdo original. Alguns argumentam que, por mais avançada que a IA seja, ela permanece uma imitadora e não rivaliza com a originalidade de cineastas consagrados.

Contudo, Christóbal Valenzuela, CEO da empresa líder em geração de vídeo por IA, a Runway, vê a tecnologia como uma ferramenta inovadora que democratizará a produção cinematográfica, tornando-a mais acessível e criativa.

Valenzuela também acredita que a IA pode expandir o alcance do cinema para um público mais amplo. Isso porque permitiria que talentos individuais criem com apenas um smartphone e tecnologia de IA.

No entanto, em Hollywood, há uma profunda desconfiança em relação a essa visão otimista. O sindicato dos atores SAG-AFTRA enfrenta sua greve mais longa, refletindo a preocupação sobre quem detém os direitos de imagem de um ator, se for replicada pela IA.

Os roteiristas também pararam de trabalhar por meses em 2023, temendo a exploração, sem permissão, de seus trabalhos originais por empresas especializadas em inteligência artificial.

Pontos e contrapontos

Ilustração de mão humana quase tocando mão robótica de inteligência artificial
(Imagem: Willyam Bradberry/Shutterstock)

Duncan Crabtree-Ireland, negociador-chefe da SAG-AFTRA, reconhece que a IA é inevitável. Mas enfatiza a necessidade de proteger os interesses dos artistas. Ele destaca a importância do consentimento informado e da compensação justa para aqueles cujo trabalho é reproduzido ou replicado pela IA.

Enquanto a IA promete aumentar a produtividade, reduzindo a necessidade de refilmagens e lidando com tarefas mundanas, há também a preocupação com o plágio e a perda de oportunidades para artistas iniciantes.

Os especialistas concordam que a regulamentação e colaboração global são essenciais para garantir que a IA sirva à humanidade, e não o contrário. Por isso, os legisladores têm um papel fundamental a desempenhar na proteção da criatividade humana no mundo da inteligência artificial.