A morte de 35 elefantes, entre agosto e setembro de 2020, no noroeste do Zimbábue, intrigou especialistas. Os animais morreram logo após a confirmação de óbito de cerca de 350 espécimes em Botsuana, país vizinho, de maio a junho de 2020. Os casos deixaram os cientistas em alerta. Agora, pesquisadores do Reino Unido e da África do Sul podem ter resolvido o mistério por trás dessas mortes em pesquisa publicada na Nature Communications.
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Bactéria foi responsável pelas mortes
Os pesquisadores afirmaram que investigar as mortes dos elefantes foi algo desafiador. Um dos principais obstáculos para este tipo de trabalho é conseguir obter amostras úteis dos animais em função da deterioração dos corpos.
Também não sabíamos com que doença poderíamos estar lidando, embora inicialmente suspeitamos que poderia ser antraz, que é conhecido por ocorrer na área; ou possivelmente alguma outra doença que possa representar um risco para a saúde humana. Portanto, tivemos que ser cautelosos ao realizar os exames post-mortem em elefantes, o que, por si só, é uma tarefa difícil com um animal tão grande, especialmente trabalhando em condições de campo.
Dr. Chris Foggin, veterinário de vida selvagem do Victoria Falls Wildlife Trust e investigador principal estudo
Após os primeiros exames, a caça furtiva foi rapidamente descartada, principalmente porque todos os elefantes mortos tinham suas presas intactas. Análises toxicológicas, incluindo testes imediatos para cianeto, que às vezes é usado para matar elefantes no Zimbábue, bem como análises mais sofisticadas feitas no Reino Unido, não encontraram vestígios de venenos nas carcaças ou em um poço de água perto de muitas das carcaças.
Testes posteriores realizados por veterinários e cientistas identificaram uma infecção septicêmica causada por uma bactéria pouco conhecida provisoriamente chamada Bisgaard taxon 45, um membro não classificado da família bacteriana Pasteurellaceae, em seis elefantes. Isso foi confirmado por isolamento bacteriano e análise genética.
A bactéria já foi responsável por mortes de animais selvagens, como antílopes, mas a ação dela em elefantes nunca havia sido registrada. Agora, os pesquisadores querem entender mais sobre a ação da Pasteurellaceae nos organismos desses animais.
Outra questão pendente é em relação à transmissão da bactéria de elefante para elefante. Isso é ainda mais preocupante em função da natureza altamente sociável dos animais e a ligação entre a infecção e o estresse associado a eventos climáticos extremos, como a seca, o que pode tornar os surtos mais prováveis.
Novos estudos são necessários para compreender as implicações de longo prazo dessa bactéria para a população de elefantes africanos e outros animais selvagens. Bem como para a adoção de medidas para proteger essas populações.
Fonte: Olhar Digital
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