As estrelas escapam de seus locais de nascimento e, eventualmente, se dispersam pela galáxia. Existem apenas estudos teóricos sobre isso, porque os dados observacionais sobre estrelas em fuga ainda são muito incompletos. Mas uma equipe de pesquisadores encontrou, pela primeira vez, uma protoestrela deixando seu local de nascimento.

Para quem tem pressa:

Essas fugas de estrelas “bebês” fazem parte de um processo importante para a evolução galáctica. Só que elas geralmente estão profundamente inseridas em nuvens moleculares, tornando difícil medir suas características. Para conseguir encontrar a protoestrela em questão, os pesquisadores usaram linhas espectrais moleculares de alta resolução.

A equipe conta com pesquisadores dos Observatórios Astronômicos Nacionais (NAOC) da Academia de Ciências da China (CAS), do Observatório de Xangai (SHAO) da CAS e da Universidade de Guangzhou. Seu estudo foi publicado no The Astrophysical Journal.

Estrela ‘bebê’ em fuga

Montagem com capturas de tela de estudo sobre fuga de estrela
(Imagem: NAOC)

A descoberta pioneira dos pesquisadores proporciona novas evidências sobre o estado inicial das estrelas em fuga. Até o momento, dois mecanismos teóricos foram identificados para explicar esse fenômeno: ejeção devido a interações em sistemas estelares múltiplos jovens, e obtenção de energia cinética durante o colapso ou interações de nuvens moleculares.

O estudo utilizou o Conjunto de Antenas de Milímetro/Submilímetro do Atacama (ALMA) para observar uma ampla amostra de regiões jovens de formação de estrelas. Na região G352.63-1.07, os pesquisadores encontraram um núcleo protoestelar com uma notável diferença de velocidade em relação à sua nuvem parental.

A análise das linhas espectrais moleculares revelou um desvio notável de -2,3 km/s na velocidade da protoestrela em relação à sua nuvem molecular parental. Além disso, a protoestrela estava corretamente posicionada no centro da nuvem, indicando que fazia parte integrante dela anteriormente.

Os dados indicam que a fuga da protoestrela ocorreu há menos de quatro mil anos, com uma energia cinética de até 1045 ergs, tornando este evento um dos mais jovens e energéticos já observados em regiões de formação de estrelas na Via Láctea.

Importância e próximos passos

Estrelas, planetas e galáxias espalhados pelo firmamento
(Imagem: Nasa/ESA)

Esta descoberta não apenas enriquece a compreensão das origens estelares, mas também traz desafios para futuras investigações. A equipe planeja realizar análises mais detalhadas das interações entre múltiplas estrelas e da expansão explosiva de gás nesta região.

O professor Li Di, cientista-chefe do Grupo de Meio Interestelar do NAOC e co-autor do estudo, destaca a importância dessa descoberta. Ele disse:

As estrelas são gigantescas usinas de fusão nuclear em nosso universo. A estrela em fuga descoberta desta vez ainda está em sua infância. Este trabalho capturou o momento inicial do movimento estelar em fuga em regiões de formação de estrelas ativas nas proximidades, como a Nuvem Molecular de Orion. Isso enriquece a compreensão das origens estelares e apresenta uma série de desafios.