Atualmente, a maior parte dos acessos à internet é por smartphone. Muito provavelmente, hoje mesmo você já deve ter checado o aparelho em busca de uma nova mensagem, informação ou post de alguém. Essa ação é comumente explicada como consequência da constante disputa por nossa atenção por plataformas digitais. Afinal, elas são feitas para te fazer ficar o máximo possível navegando. Mas, a questão vai além.

Segundo um artigo de Jelle Bruineberg, filósofo da Universidade de Copenhague, as nossas mentes têm preferência por novidades. Um aspecto que, aliado à facilidade de acesso a informações novas, gera a necessidade de checar o celular o tempo inteiro.

O estudo foi publicado na revista Neuroscience of Consciousness.

Seu celular dá o que sua mente deseja:

Bruineberg explicou ao site Tech Explore que é a combinação do desejo e acesso sem esforço que provoca o hábito de checagem do celular. Ele diz que em outro contexto, como quando tínhamos que buscar uma informação numa biblioteca, isso não seria possível:

As tecnologias digitais nos fornecem os meios para alcançar essa recompensa quase sem nenhum esforço. Só precisamos mover alguns dedos em nosso telefone. Se eu estivesse em uma biblioteca, que também contém grandes quantidades de informações, não faria sentido desenvolver o hábito de verificar um livro específico.

Jelle Bruineberg, para o Tech Explore

Será que realmente houve um tempo em que humanos se concentravam mais?

O autor do artigo argumenta que não necessariamente o problema com a falta de atenção é nova. Supostamente, antes da tecnologia, era menos complicado para os humanos manterem o foco, já que não eram inundados por informação. Isso tem lógica, mas Bruineberg diz que nada sugere que controlar a atenção tenha sido sempre fácil.

Ao longo da história, muitas comunidades religiosas deram ênfase às práticas meditativas e contemplativas que foram concebidas para ajudar os praticantes a obter algum controle sobre a sua atenção e a livrarem-se das distrações da vida cotidiana. Parece mais provável que as tecnologias digitais permitam formas diferentes e talvez mais difundidas de se distrair.

Explica Jelle Bruineberg, para o Tech Explore

O filósofo afirma que nossas mentes não estão preparadas para lidar com ambientes digitais, e que a solução é limitar o uso digital, como checar e-mails apenas duas vezes ao dia. “Daqui a 50 anos, provavelmente olharemos para trás com horror ao ver quão complexos e irrestritos nossos os ambientes digitais atuais são”, diz ele.