Um pesquisador brasileiro encarou o frio da Antártida para compreender o que existe nos solos do continente. José Alexandre Melo Demattê, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP, foi um dos participante do Programa Antártico Brasileiro (Proantar). A iniciativa, financiado pelo Governo Federal, mantém uma estação de pesquisa na região.

Com o auxílio de tecnologias brasileiras, o cientista passou 40 dias no continente coletando informações sobre o continente.

Como foi realizada a pesquisa?

O cientista pretende usar as imagens de satélite coletadas para mapear a península antártica com o auxílio de inteligência artificial. Essas imagens devem ser disponibilizadas para outros grupos de pesquisa. Segundo ele, o plano era usar a tecnologia da USP para ter resultados mais precisos:

Então, a ideia foi ir para o continente Antártico e tentar aplicar essas tecnologias para poder conseguir estudar com maior detalhamento esse local.

José Alexandre Melo Demattê para o Jornal da USP

Degelo da permafrost: o que pode causar?

Em conversa para o Jornal da USP, Demattê explicou que os solos mais comuns na Antártida são os permafrost. Eles são caracterizados por permanecerem a abaixo de 2°C por dois anos ou mais. Nesses locais, há uma camada de gelo que pode conter sedimentos, material orgânico e rochas. Quando congelados, esses elementos atuam como um reservatório de dióxido de carbono (CO2), uma substância nociva para a atmosfera.

Já existem pesquisas que apontam que o degelo desse tipo de solo emite carbono, e por isso são realizados monitoramento da liberação de CO2 nas regiões. Demattê conta que o fenômeno possui relação com o aquecimento global e os desmatamentos.

Você tira a mata, que retinha o carbono, e o composto volta para a atmosfera. A exposição do solo depois do desmatamento também libera CO2, já que essa superfície tem carbono.

José Alexandre Melo Demattê para o Jornal da USP