As cecílias – também conhecidas como cobras-cegas – parecem vermes, mas pertencem à classe dos anfíbios. E um dos hábitos estranhos desses animais é que, quando filhotes, elas comem suas mães vivas, mastigando sua pele para contribuir no seu desenvolvimento.

As fêmeas desses animais, quando têm filhotes, produzem uma camada especial de tecido adiposo na sua pele, da qual as cobras-cegas bebês se alimentam. Até então pensava-se que essa “pele” ajudava na nutrição dos jovens. 

Agora um novo estudo, publicado recentemente na revista Animal Microbiome, apontou que, na verdade, elas existem para a mãe fornecer seu microbioma para os filhotes, provavelmente transmitindo bactérias do bem-estar.

Microbioma das cecílias

O estudo foi conduzido por pesquisadores do Museu de História Natural da Flórida e da Universidade de Massachusetts, nos EUA, e utilizou espécimes de Herpele squalostoma. Esse tipo de cecília é encontrada na África Central e os pesquisadores coletaram amostras de bactérias da pele, do ambiente em que elas viviam, e como esses micróbios estavam distribuídos entre os animais.

Ao todos foram observadas: 14 cecílias filhotes, 9 fêmeas adultas e 6 indivíduos machos. Os resultados mostraram que os microrganismos que faziam parte do microbioma cutâneo e intestinal dos filhotes eram muito semelhantes aos da mãe.

Confira abaixo algumas das principais características da cobra-cega:

Microbiomas

O microbioma de um animal, inclusive em nós humanos, é adquirido a partir do ambiente e da alimentação, exercendo um papel importante na saúde e no sistema imunológico do indivíduo. 

Além disso, o microbioma materno fornece uma grande quantidade de microrganismos para seus filhotes. No mundo animal, existem várias formas de fazer isso, como o leite nos mamíferos, o alimento regurgitado nos pássaros, ou uma forma especial de fezes nos coalas. 

O que chocou os pesquisadores, no entanto, é que, nos anfíbios, esse tipo de comportamento não é comum. Sapos e tritões, por exemplo, geralmente põem seus ovos em ambientes aquáticos e os abandonam para crescerem sozinhos.

No entanto, as cecílias têm instintos maternais muito diferentes, semelhante ao dos humanos.

Quando você encontra os ovos, você sempre encontra a mãe. Nunca vi um jovem sem uma mãe presente.

Marcel Talla Kouete, principal autora do estudo, em comunicado