Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) identificou a presença de 45 novos poluentes nas águas da bacia hidrográfica dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, em São Paulo, popularmente conhecida como Bacia PCJ. Eles são classificados como produtos químicos eternos e são encontrados em embalagens de fast food, utensílios de cozinha antiaderentes, maquiagem à prova d’água, roupas, adesivos, espumas de combate a incêndio e muito mais.
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Rios contaminados
No total, os pesquisadores coletaram amostras de 15 pontos diferentes da bacia hidrográfica PCJ, que se estende por 76 municípios de São Paulo. Em seguida, analisaram os contaminantes conforme a concentração, frequência e toxicidade. Os resultados foram publicados na revista Chemosphere.
Esses produtos químicos eternos, na sua maioria, não possuem legislação específica para determinar a concentração máxima permitida. Eles se acumulam com o passar do tempo na água, no ar, no solo e até na corrente sanguínea humana, gerando riscos à saúde.
As águas da bacia são usadas para atender a agricultura, a indústria e o consumo doméstico na região. As informações são da Agência Fapesp.
Além de ser a principal fonte de água potável de toda a área, a bacia do PCJ fornece água para irrigação, que não recebe nenhum tratamento antes de ser utilizada nos campos agrícolas.
Cassiana Carolina Montagner, professora do Instituto de Química da Unicamp e coordenadora do estudo
A pesquisadora também afirma que “a região abriga muitas cidades pequenas que lançam esgoto quase in natura nos rios”, o que contribui ainda mais para que sejam observados contaminantes emergentes, ainda não legislados.
Na pesquisa, foram identificados no local, pela primeira vez, sete PFAS (substâncias per e polifluoroalquil) diferentes. Esse material, apelidado de produtos químicos eternos, pode contaminar o ambiente e ser acidentalmente consumido por pessoas e animais.
Ainda foram encontrados pesticidas agrícolas, herbicidas, inseticidas, cafeína (não é nociva para os humanos, mas pode afetar negativamente a biota aquática) e Bisfenol A (BPA), um tipo de aditivo plástico com potencial cancerígeno.
Além de velhos problemas de poluição não resolvidos, como a contaminação por coliformes fecais, por exemplo, há novos problemas causados pela presença dos contaminantes emergentes, que são produzidos para garantir a qualidade de vida moderna, mas chegam ao ambiente devido à má gestão dos resíduos sólidos e saneamento ineficiente.
Cassiana Carolina Montagner, professora do Instituto de Química da Unicamp e coordenadora do estudo
A pesquisador afirma que é necessário estabelecer um programa de monitoramento abrangente para garantir a proteção da vida aquática e da saúde humana das bacias hidrográficas. Além disso, é fundamental investir no tratamento do esgoto.
Prejuízos à saúde humana dos produtos químicos eternos
Fonte: Olhar Digital
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