Operadores de uma rede global de sensores monitoram, desde a década de 1990, testes nucleares clandestinos. Só que, com o passar dos anos, essa rede captou outros sons e estrondos no solo, no oceano e na atmosfera. Isso se mostrou um benefício inesperado para a ciência.
Para quem tem pressa:
O Sistema Internacional de Monitoramento (IMS) – gerido pela Organização Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares (CTBT) em Viena, na Áustria – tem mais de 300 instalações, com sensores espalhados mundo afora.
Conforme o acesso científico aos dados se abriu, pesquisadores recorreram ao IMS, ao longo da última década, para detectar eventos que de outra forma poderiam passar despercebidos. Isso expandiu o horizonte de descobertas científicas, conforme mostrado pela BBC.
Descobertas graças ao monitoramento
Centenas de cientistas se reuniram numa conferência em Viena, em junho de 2023, para compartilhar suas descobertas graças à rede do IMS. Confira abaixo alguns destaques sobre o que foi apresentado:
A rede do IMS também viabilizou outra descoberta muito importante: a de um grupo de baleias-anãs-azuis (subespécie tropical da baleia-azul) no Oceano Índico. Elas foram descobertas quando pesquisadores na Austrália decidiram ouvir um pouco mais de perto os sons do oceano usando a rede hidroacústica do IMS.
Rede para monitorar testes nucleares
Após o teste Trinity – o primeiro teste nuclear da história, conduzido pelos Estados Unidos em 16 de julho de 1945 (aquele mostrado no filme “Oppenheimer”) – e o bombardeio do Japão, as nações correram para formar seus próprios arsenais e testar armas cada vez mais poderosas.
Para evitar a escalada nuclear, o mundo precisava de uma forma de saber se alguma nação ou agente realizava testes não autorizados. Assim, na década de 1990, várias nações assinaram e ratificaram o Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares (CTBT).
O tratado não entrou em vigor, mas o processo criou uma norma global contra testes e levou à construção de uma rede capaz de detectar uma detonação nuclear em qualquer lugar da Terra – o IMS.
O sistema tem mais de 120 estações sísmicas, 11 microfones hidroacústicos nos oceanos, 60 estações de “infrassom” que captam ruídos inaudíveis de frequência muito baixa e 80 detectores de partículas ou gases radioativos.
Os fundadores da rede provavelmente não previram todos os usos atuais do IMS. Neste momento, em locais remotos ao redor do mundo, sensores monitoram a humanidade e a natureza em busca de sons e estrondos que de outra forma poderiam passar despercebidos.
Fonte: Olhar Digital
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