Os genes do extinto rinoceronte lanudo europeu acabaram de ser reconstruídos pela primeira vez. A conquista foi graças ao cocô fossilizado de um predador desses animais, mostrando que o DNA de antigas criaturas que habitavam a Terra pode ser analisado por uma ampla gama de materiais.

A análise do coprólito, realizada no estudo publicado na Biology Letters, mostrou que esses fósseis podem ser verdadeiros tesouros históricos. A partir do cocô fossilizado foi possível analisar indiretamente o DNA do rinoceronte lanudo, mas, além disso, esses fósseis permitem que os cientistas descubram o que os animais e pessoas comiam em épocas passadas, examinem parasitas com os quais foram infectados e até mesmo estudem mudanças no microbioma intestinal humano.

Cocô fossilizado

As fezes fossilizadas da pesquisa estão atualmente em coleções de museus, assim como muitos outros cocôs fossilizados. Em um estudo publicado no ano passado, pesquisadores apontaram que esses fósseis em acervos são verdadeiros tesouros negligenciados, podendo fornecer uma grande quantidade de descobertas sobre a história biológica do planeta.

Tal como acontece com essas amostras, muitos objetos arqueológicos recuperados em escavações anteriores e existentes em coleções são, até o momento, uma fonte amplamente negligenciada de DNA antigo.

Trecho da pesquisa

Na pesquisa que analisou o DNA do rinoceronte lanudo europeu, os cientistas utilizaram uma ferramenta especial para extrair o DNA. O material estava degradado, mas foi o suficiente para que tanto os genes da hiena das cavernas, quanto como dos rinocerontes, fossem recuperados e comparados com genomas de animais modernos e antigos.

Novas pesquisas sobre os rinocerontes lanudos

Esqueleto de um rinoceronte lanudo
Esqueleto de um rinoceronte lanudo (Crédito: Didier Descouens/Wikimedia Commons/CC BY-SA 4.0 )

A análise do DNA do rinoceronte lanudo europeu e da hiena das cavernas sugeriu que os dois grupos começaram a se diversificar há mais tempo do que se pensava. O rinoceronte, por exemplo, começou a se dividir entre 2,5 milhões e 150 mil anos atrás, uma contradição à hipótese de que esses animais se distribuíram repetidamente na Europa Ocidental no final do Pleistoceno.

Para investigar mais sobre esses animais, os pesquisadores esperam recuperar outras amostras de DNA deles, mesmo que seja necessário que elas sejam retiradas de coco fossilizado novamente.