Diagnosticar o vírus da zika continua sendo um dos maiores desafios para a ciência, visto que os atuais testes do mercado ainda apresentam risco de reação cruzada com o vírus da dengue, dificultando a diferenciação das infecções.
Um estudo realizado pelos Institutos Butantan e Adolfo Lutz, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual Paulista (UNESP), identificou dois peptídeos (fragmentos) da proteína NS1 que podem ser usados para desenvolver novos testes mais precisos para o diagnóstico da zika.
Gerando anticorpos
Para realizar o estudo, o primeiro passo foi gerar anticorpos a partir da imunização de modelos animais com a proteína NS1 de zika, produzida no Instituto de Ciências Biomédicas da USP.
“Após obtermos anticorpos monoclonais e policlonais específicos, fizemos testes para descobrir que partes da proteína NS1 reconheciam que eram de zika e que não cruzavam com dengue”, explicou Roxane Piazza, pesquisadora do Laboratório de Bacteriologia.
Nas amostras de soro de pacientes, cientistas encontraram dois peptídeos que precisamente detectam anticorpos anti-zika, permitindo o desenvolvimento de testes para identificar anticorpos IgG e IgM e determinar se a pessoa foi ou está infectada pelo vírus.
Caminho oposto
Segundo Roxane, outra possibilidade é fazer o caminho oposto: usar os anticorpos específicos de zika para detectar a presença do antígeno (proteína NS1) no sangue dos pacientes. “A NS1 é a proteína mais secretada pelo vírus durante a infecção e, portanto, é o principal alvo de diagnóstico”, aponta.
Nova epidemia de Zika
Os cientistas alertam que uma nova epidemia de zika é questão de tempo, destacando a necessidade de testes mais precisos para monitorar a doença, além de prevenir a microcefalia em gestantes.
Nosso objetivo é ter técnicas e ferramentas para o diagnóstico individual de casos esporádicos e/ou uma possível epidemia. Assim, estaremos muito mais preparados do que estávamos em 2015
pesquisador Carlos Prudêncio, colaborador da pesquisa.
Surto no Brasil
Entre 2015 e 2016, o Brasil enfrentou um grande surto de zika, resultando em:
Ao todo, o Ministério da Saúde registrou quase 2.000 casos confirmados de síndrome congênita associada à infecção por zika (SCZ), comparado a uma média anterior de apenas 9 casos por ano.
Estudos recentes, incluindo um publicado na revista The New England Journal of Medicine, indicam que a taxa de mortalidade em crianças com SCZ até 3 anos é 11,3 vezes maior do que naquelas sem a condição.
Entre 2015 e 2018, mais de 80% das mortes em crianças com SCZ ocorreram antes de completarem um ano.
Aumento de casos em 2022
Em 2022, houve um aumento de 42% nos casos de zika no Brasil, segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde. O país registrou 9 mil casos prováveis da doença, incluindo 591 em gestantes.
Os estados com maior número de casos em gestantes:
Rio Grande do Norte | 210 |
Bahia | 53 |
Paraíba | 53 |
Alagoas | 48 |
Pernambuco | 43 |
Como o vírus é transmitido e quais os sintomas?
O vírus é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, da mesma forma que outras doenças, como a dengue e a chikungunya.
Os sintomas costumam surgir de dois a sete dias após a picada e podem incluir: febre leve, erupções na pele, dor de cabeça, desconforto nas articulações, dor muscular e conjuntivite.
De acordo com informações da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), é possível que apenas uma em cada quatro pessoas infectadas apresente sintomas.
Fonte: Olhar Digital
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