Uma equipe de paleontólogos descobriu restos preservados de duas espécies de lampreia com 160 milhões de anos. Os fósseis permitiram uma melhor compreensão da ciência sobre a evolução do antigo animal, considerado mais velho do que as árvores.

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Lampreias foram ficando maiores com o passar do tempo

Espécies de lampreia descobertas (Imagem: Wu et al./Nature Communications)

Evolução da espécie

As lampreias do passado foram encontradas no norte da China, em um sítio arqueológico terrestre. O local apresenta ótimas condições de preservação de fósseis. Esses restos foram escaneados com tomografia micro-computadorizada de raios X, para visualização em 3D.

Junto aos peixes-bruxa (ou mixinas), as lampreias são os únicos vertebrados sem mandíbula vivos atualmente. Ambos se assemelham a enguias, que são, na verdade, muito mais recentes.

As lampreias estão entre os primeiros vertebrados, mas, ao invés de uma boca capaz de morder, elas trazem uma ventosa cheia de dentes de cartilagem usada para sugar o sangue de outros peixes e mamíferos aquáticos.

Apesar de conhecermos a espécie, sabemos pouco sobre a história da evolução dela em razão dos poucos fósseis do animal. Por exemplo, não se sabe quando o grupo evoluiu dentes complexos para a alimentação. As do Paleozoico, por exemplo, tinham uma estrutura bucal fraca demais para predação, e não passavam pelo primeiro estágio do ciclo moderno de vida das lampreias — o larval, quando os ovos dão origem a pequenos vermes cegos que se enterram no lodo.

Pelo tamanho dos fósseis encontrados, os pesquisadores acreditam que os animais já haviam evoluído até um ponto em que passavam pelos três estágios de vida. Durante o período Jurássico as espécies já estavam maiores, tinham métodos melhores para se alimentar e haviam se tornado predadores. Segundo os cientistas, os restos mostram ter a estrutura de mordida mais forte de todos os fósseis de lampreia, indicação quente de que Y. occisor já era carnívoro.

O tamanho adulto também importa, já que está ligado a características importantes: as espécies maiores conseguem migrar para mais longe e se espalhar para mais áreas, botar mais ovos e aguentar melhor a água salgada. Além dos seus restos, também foram encontrados ossos, mandíbulas e até crânios de peixes no trato intestinal de ambas as espécies fósseis encontradas.

Os pesquisadores acreditam que, ao invés de serem predadores, as lampreias mais antigas e menores usavam sua anatomia bucal para raspar o tapete de algas que se prendia a outros animais aquáticos. Isso as teria ajudado a sobreviver e encontrar um nicho nutricional à época, quando havia uma abundância de peixes sem mandíbula.

Desde suas origens, as lampreias mudaram bastante a estrutura bucal e hábitos, e os cientistas acreditam ter preenchido muitas lacunas em sua evolução com os fósseis novos, além de mudar um pouco as noções das origens desses animais. O estudo determinou que o Hemisfério Sul é a ponto geográfico e biológico mais provável de ter originado as lampreias modernas.