As gigantes da tecnologia Amazon, Google e Microsoft investiram bilhões de dólares em startups de inteligência artificial (IA) no último ano — enquanto também cobravam uma quantia semelhante dessas empresas nas suas plataformas de computação em nuvem.

Esses acordos tornam as big techs as maiores apoiadoras e beneficiárias diretas dessas startups, refletindo como algumas das maiores recompensas do boom da IA continuam indo para os mais poderosos, como conta uma nova reportagem do The Wall Street Journal. O valor das participações das gigantes da tecnologia pode aumentar substancialmente se as startups decolarem. E, se não, elas ainda terão transformado grandes quantias de dinheiro em receita.

Para as startups, os acordos fornecem o capital de que precisam para treinar modelos de IA avançados, bem como o acesso à escassa capacidade de computação essencial para o desenvolvimento e implantação de produtos, como o ChatGPT.

Parcerias entre startups de IA e big techs

Pioneirismo da Microsoft

A Microsoft foi poneira nesse tipo de parceria para startups de IA generativa quatro anos atrás, quando investiu US$ 1 bilhão na OpenAI. Em troca, a OpenAI concordou em treinar exclusivamente seu software nos servidores do negócio de nuvem da Microsoft, o Azure, e lançar seus produtos por meio da plataforma. A Microsoft seguiu em uma escala muito maior em janeiro, quando anunciou planos de investir US$ 10 bilhões.

À medida que os clientes se inscreveram para usar o ChatGPT e construir ferramentas com base em sua tecnologia subjacente, a Microsoft colheu os benefícios. No trimestre mais recente, a receita do Azure cresceu robustamente 29% em comparação com o trimestre do ano anterior; executivos da Microsoft disseram que 3 pontos percentuais desse crescimento vieram apenas dos gastos com IA.

Isso se traduz em cerca de US$ 400 milhões em gastos com IA no Azure, com base em estimativas da receita do negócio. A maioria desses gastos vem da OpenAI e dos produtos desenvolvidos com seu software, afirmam analistas.

Os acordos

As gigantes da nuvem fizeram investimentos estratégicos semelhantes no passado, mas nenhum na escala desses acordos recentes. Os executivos das empresas de tecnologia afirmam que esses investimentos e compromissos de nuvem são feitos por equipes diferentes. Eles afirmam que seu objetivo não é apenas financiar um cliente gastador, mas também obter lucro com seus investimentos.

“Os investimentos têm que se sustentar por si mesmos, ponto final”, disse Kevin Ichhpurani, vice-presidente corporativo do Google Cloud, em uma entrevista em agosto ao WSJ. Ele disse que os investimentos e os contratos de nuvem do Google são acordos separados.

Além de seus acordos com a Anthropic, o Google fez investimentos e acordos de nuvem semelhantes com várias outras startups menores, segundo investidores envolvidos nos acordos.

O acordo da OpenAI com a Microsoft se destaca por ser o único que também veio com exclusividade – todos os seus gastos com nuvem são no Azure. Outras empresas, como a Anthropic, operam em vários provedores de nuvem, como a AWS e o Google.

O Google não relatou o mesmo aumento impulsionado pela IA na receita de nuvem que a Microsoft. As ações da empresa-mãe Alphabet caíram mais de 10% na semana passada após a empresa relatar um crescimento mais lento do que o esperado no negócio de nuvem. Os executivos do Google Cloud destacaram a estreita relação da unidade com startups de IA valiosas, apostando que elas se tornarão clientes ainda maiores ao longo do tempo.

Ninguém sabe se as startups de IA atuais, que atualmente estão perdendo dinheiro, se tornarão negócios duradouros. Mas, por enquanto, suas avaliações continuam subindo. A OpenAI recentemente iniciou um processo de venda de ações a um preço que avaliaria a empresa em mais de US$ 80 bilhões — mais que o dobro do que estava no início deste ano.