Delegações de todo mundo estão se preparando para irem para Dubai no dia 20 de novembro para a Conferência Mundial de Rádio. Por lá serão discutidos tratados internacionais envolvendo assuntos como radiofrequências e coordenação de satélites. Mas, além disso, a reunião pode dar fim a uma medida implementada há 50 anos, o segundo bissexto.
Até relativamente pouco tempo atrás, o tempo na Terra era determinado por um método antigo baseado na rotação do Planeta, na posição do Sol e das estrelas. Em 1970, um método mais preciso, estável e confiável foi desenvolvido, se baseando no estado mutável dos átomos de césio.
Esse método é essencial para os dispositivos digitais que dominam o mundo atualmente, e passou a coexistir com o Relógio Astronômico, ou Tempo Universal (UT1). No entanto, o tempo nesses dois relógios diverge, com o Tempo Atômico Internacional (TAI) ficando alguns cliques à frente. Por causa disso surge o segundo bissexto, implementado pela primeira vez em 1972, com pelo menos três objetivos.
Desde lá, o segundo bissexto já foi usado 27 vezes, sendo inserido a cada poucos anos e criando o Tempo Universal Coordenado (UTC).
O problema do segundo bissexto
O problema do segundo bissexto é que é difícil prever com precisão quando ele precisará ser implementado. Por causa disso, Judah Levine, um dos principais pensadores em coordenação dos relógios do mundo, sugeriu, em um novo artigo, a substituição por um minuto bissexto, assim a sincronização dos relógios seria realizada com menos frequência, provavelmente uma vez a cada meio século.
A comunidade científica encara a proposta de Levine como convincente, mas temem que ela seja deixada de lado assim como outras propostas anteriores de reordenação dos relógios, devido a não estar de acordo com a comunidade internacional. Além disso, um dos principais problemas apontados por cronometristas é que a exclusão do segundo bissexto poderia gerar algum desconforto na população. Isso porque desligaria o tempo do mundo natural.
No entanto, em resposta ao New York Times, Levine se mostra otimista em respeito a isso, e relaciona o tema com o horário de verão e como as pessoas lidam bem “com a mudança da ligação entre o tempo e a astronomia quotidiana”.
O público tem uma grande desconfiança nos cientistas como pessoas que propõem algo que parece ir contra o bom senso.
Judah Levine
Cientistas estadunidenses não compartilham do mesmo otimismo para implementação da medida na conferência em Dubai, isso porque é necessário o consenso de todas as nações. Mas talvez em breve ela possa ser aprovada em reuniões que não exigem o consenso total.
Fonte: Olhar Digital
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