“Digo com humildade: quando agarrei este ferro quente, ninguém queria se responsabilizar”. A fala de Carlitos Tévez, técnico do Independiente, não poderia ser mais verdadeira. Há dois meses no cargo, o ex-atacante assumiu o clube em um cenário de crise completa, dentro e fora de campo, ameaçado pelo segundo rebaixamento de sua história. Mesmo pouco experiente no cargo, com um único trabalho e pouco resultado, Tévez foi convidado e aceitou o desafio, que eleva agora o Rey de Copas a um patamar inimaginável para este 2023.
No dia 22 de agosto, quando Tévez foi anunciado no cargo, a única ambição possível para o Independiente era evitar a queda. Mergulhado numa crise financeira e institucional, em meio a renúncias de dirigentes, o time de Avellaneda lutava, até este final de semana, contra o rebaixamento. Lutava, e já não luta mais, porque o clube conseguiu escapar com antecedência conforme o questionável modelo promedios, adotado na Argentina, que considera a pontuação média dos clubes nas últimas três temporadas para o cálculo do rebaixamento. Segundo essa matemática, quem sobra nessa briga são Unión, Tigre, Sarmiento e Colón.
O contexto em que Tévez assumiu o cargo era o seguinte: o Independiente já havia trocado de técnico três vezes na temporada e estreado com derrota na Copa de la Liga Argentina – o antigo Clausura, que equivale igualmente como o título de campeão nacional e é contabilizado para o rebaixamento. Tévez, por sua vez, foi contratado com o curto repertório de três meses, 15 jogos, três vitórias e uma demissão pelo Rosário Central.
Contra qualquer expectativa, porém, a mudança no desempenho do Independiente com Carlitos Tévez foi imediata: em 12 jogos, os rojos venceram seis, empataram cinco e perderam uma única vez. Apenas com Tévez, o time já dobrou o número de vitórias que havia conquistado no ano com os três treinadores anteriores somados: Ricardo Zielinski, Pedro Monzon e Leandro Stillitano.
Neste momento, a Copa de la Liga ainda tem mais duas rodadas pela frente e o Independiente, que vivia o pesadelo de voltar para a segunda divisão depois de 10 anos, agora já pode sonhar com um reencontro aos troféus. O time é o segundo colocado do Grupo A, com um ponto a menos que o líder River Plate, e tem tudo para garantir uma vaga no mata-mata para a sequência da disputa.
Maior campeão da Libertadores, que respirou aliviado depois do Fluminense evitar que o Boca Juniors igualasse as sete conquistas, o Independiente vive uma longa seca caseira. O clube não vence um título nacional há mais de 20 anos, desde o Apertura em 2002. Depois do fatídico rebaixamento de 2013, o clube até se voltou a mostrar porque é conhecido na América do Sul como Rey de Copas, ao vencer a Sul-Americana em 2017.
Pode parecer pedir muito sair do rebaixamento para uma eventual disputa por título, mas esta é a realidade para o Rojo e também para Tévez. Enquanto o clube é um dos maiores vencedores de troféus internacionais na história, com 16 conquistas entre Libertadores, Mundial, Sula, Supercopa, Recopa e Suruga, Tévez é também um campeão nato, vencedor por onde passou e com 26 títulos como jogador. O casamento entre Independiente e Tévez foi improvável, mas acaba por ser perfeito até aqui.
Fonte: Ogol
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