A Suécia adotou o compromisso de se tornar o primeiro país europeu sem fumantes. E para atingir esse objetivo o governo sueco tem apostado no snus, um saquinho de tabaco, ou nicotina, apontado como uma alternativa ao cigarro. No entanto, especialistas apontam problemas no consumo do produto.

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Snus faz parte da história da Suécia

Governo sueco incentiva o consumo

O tabaco vem dos Estados Unidos e da Índia, passa por um silo, é embalado em saquinhos como se fosse chá e depois é colocado em latas para venda na Suécia. Existem dois tipos: o snus clássico de cor escura que contém tabaco, e o snus branco, composto de nicotina sintetizada e, em geral, aromatizada.

O snus branco, cuja produção industrial começou há cerca de 15 anos, aproveita-se de uma lacuna legal na UE, porque não contém tabaco. Na Europa, ele é proibido apenas na Bélgica e na Holanda, desde 2023.

Na Suécia, o consumo de snus branco aumentou de 3% para 12% em quatro anos entre mulheres de 16 a 29 anos. Em torno de 15% dos suecos consomem o produto diariamente, o que representa um leve aumento nos últimos anos. 

Ao mesmo tempo, o número de fumantes caiu significativamente. Segundo dados de 2022 da Autoridade de Saúde Pública, não há mais de 5% de fumantes regulares. O objetivo da UE é alcançar este objetivo até 2050.

Consumo de snus virou uma febre na Suécia (Imagem: Anastasiya Shatyrova/Shutterstock)

Alternativa ao cigarro também pode ser prejudicial à saúde

Para incentivar ainda mais essa tendência, o governo da Suécia anunciou recentemente o aumento dos impostos sobre os cigarros em 9% e uma redução de 20% sobre o snus tradicional. Mas a decisão gerou polêmica.

Foi uma surpresa e uma verdadeira decepção. Isto mostra que o governo acredita completamente nesse conto da carochinha da indústria do tabaco que apresenta o snus como um produto que reduz riscos. Faltam estudos científicos. Sabemos que o snus e outros produtos que contêm nicotina alteram a pressão arterial e que há riscos de doenças cardiovasculares.

Ulrika Årehed Kågström, secretária-geral da Fundação Sueca contra o Câncer

Publicada em junho de 2023, uma pesquisa feita pelo Instituto Norueguês de Saúde Pública indica que, entre os consumidores regulares de snus, os riscos de câncer de esôfago e do pâncreas são três e duas vezes mais elevados, respectivamente, do que entre os indivíduos que não consomem nicotina. 

Já em 2017, um estudo publicado no International Journal of Cancer analisou dados de 400 mil consumidores de snus e concluiu que não havia ligação entre o câncer e essa substância.