Um estudo realizado pelo Instituto Butantan e pela Universidade São Francisco de Bragança Paulista, em São Paulo, renova as esperanças de pacientes com Alzheimer. Os pesquisadores descobriram que uma molécula modificada em laboratório a partir de uma proteína encontrada no peixe merluza inibiu a principal enzima que causa a doença, a BACE-1.
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Composto é seguro e não apresenta toxicidade
Um dos diferenciais dessa molécula é que ela foi capaz de chegar ao cérebro de modelos animais. Nos testes in vitro com neurônios afetados pelo Alzheimer, a substância bloqueou a atividade da enzima BACE-1.
Com isso, o peptídeo reduziu a quantidade de beta-amiloides, proteínas tóxicas responsáveis pela doença, mostrando-se um bom candidato para tratamento.
Juliana Mozer Sciani, orientadora colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Toxinologia do Butantan e pesquisadora da Universidade São Francisco
A proteína original do peixe foi descoberta por pesquisadores da Ásia em 2019 e sua sequência foi disponibilizada em banco de dados. As informações são do Instituto Butantan.
O novo peptídeo desenvolvido pelos pesquisadores demonstrou alta estabilidade e possibilidade de chegar ao alvo. Além disso, é seguro e sem toxicidade, de acordo com testes feitos em animais. Nesses experimentos, o composto chegou ao cérebro duas horas após a sua administração.
Segundo a pesquisa, ele passou pelo pulmão, pâncreas, baço e fígado (onde foi metabolizado), mas não se acumulou em nenhum órgão: depois de seis horas, se concentrou no rim para ser eliminado pela urina. Todos os órgãos ficaram intactos e sem sinal de inflamação ou danos nas células.
Os cientistas agora querem testar o composto como um tratamento em modelos animais com a doença de Alzheimer para avaliar a sua eficácia. Ainda deve demorar para que ele possa ser testado em humanos, mas os resultados até agora são promissores. Além de ser estável e conseguir agir durante horas, ele é um inibidor reversível.
Isso significa que ele ‘liga e desliga’ a enzima, enquanto outros a bloqueiam completamente. A inibição total pode causar efeitos adversos, já que essa enzima também tem um papel fisiológico na neuromodulação.
Juliana Mozer Sciani, orientadora colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Toxinologia do Butantan e pesquisadora da Universidade São Francisco
Alzheimer
Fonte: Olhar Digital
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