Uma central de bioenergia instalada recentemente em Toledo, no oeste do Paraná, está produzindo energia elétrica a partir do biogás gerado por cocô de porco. Por dia, a unidade tem a capacidade de gerar energia suficiente para abastecer 1,5 mil casas populares.

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Potencial brasileiro de produção de energia através do biogás

Central de bioenergia instalada em Toledo tem capacidade diária de abastecer 1,5 mil casas populares (Imagem: divulgação/CIBiogás)

Transformando cocô de porco em energia elétrica

A matéria-prima para produção de energia em Toledo vem de 15 produtores da região que possuem 41 mil suínos. Os animais produzem diariamente cerca de 340 metros cúbicos de estrume, volume equivalente a 340 caixas d’água de mil litros cada.

A transformação dos dejetos em energia é feita em biodigestores, que são estruturas de concreto revestidas com lona plástica resistente. No ambiente fechado e com pouco oxigênio, as bactérias consomem parte do material orgânico dos dejetos, liberando um gás rico em metano.

A gente recebe esse material em uma unidade física central, um terreno grande, onde temos tanques que armazenamos ele líquido. […] Ele fica alguns dias nesse armazenamento e produz um gás, que tem uma riqueza em metano e o metano tem capacidade de ser transformado em energia elétrica ou em energia térmica.

Rafael González, presidente do Centro Internacional de Energias Renováveis (CIbiogás)

Com o processamento nos biodigestores, há uma redução de até 90% da emissão de gases que contribuem para o efeito estufa e são liberados pelas fezes dos animais. A unidade em Toledo é capaz de reduzir a emissão de até 10 mil toneladas de gás carbônico por ano, segundo o CIBiogás.

A cidade é a maior produtora de carne suína do país, com movimentação bruta anual de mais de R$ 1,3 bilhão, de acordo com dados da Secretaria do Agronegócio, Inovação, Turismo e Desenvolvimento Econômico de Toledo. Além disso, abriga 681 produtores com criação que supera mais de 1,8 milhão de porcos.

Além de energia elétrica, o biogás pode ser refinado, como é feito com o gás natural fóssil, e pode abastecer veículos e, no setor agroindustrial, substituir a lenha.

Se não tratado, ele (dejeto) acaba prejudicando o meio ambiente. Para isso, a gente transforma o chamado passivo ambiental, aquilo que pode agredir o ambiente se não bem tratado, num ativo energético e econômico.

Rafael González, presidente do Centro Internacional de Energias Renováveis (CIbiogás)

O modelo de negócio instalado no Paraná prevê atualmente duas fontes de renda: a negociação de créditos de energia elétrica com a Companhia Paranaense de Energia (Copel), na modalidade de compensação de energia para minigeração distribuída, e a venda dos créditos de carbono.

O projeto é uma parceria da Itaipu Binacional, com o Parque Tecnológico Itaipu (PTI-Brasil) e o CIBiogás, responsável pela implantação e operação da planta.

Também apoiam a iniciativa a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), a Associação Regional de Suinocultores do Oeste (Assuinoeste) e a Prefeitura de Toledo.