Atual campeão português, com alto investimento no mercado, retorno de um ídolo, em harmonia com a torcida e vindo de uma temporada quase perfeita. O que pode dar errado? Tudo. Nem a mais bela e planejada das combinações evita o fracasso do Benfica. Sequer na metade de 2023/24, o clube já está eliminado da Liga dos Campeões, e tem mais derrotas que em todo 2022/23.
A queda das Águias na Champions foi com um quê de alívio, porque ainda saiu barata. O clube perdeu por 3 a 1 num jogo em que poderia ter sofrido uma goleada histórica para a Real Sociedad. Na Espanha, o time português já estava perdendo por 3 a 0 com 20 minutos de jogo, viu os rivais perderem um pênalti, empilharem chances desperdiçadas, e saiu no lucro ao conseguir um gol no segundo tempo e evitar uma noite mais desastrosa.
Fora a derrota para a Real Sociedad, o Benfica já havia perdido também os três jogos anteriores na Liga dos Campeões e é hoje o pior time do torneio, junto do Royal Antwerp. Apenas os dois clubes não somaram pontos na disputa. No caso dos belgas é mais compreensível, como azarões em um grupo com Barcelona, Porto e Shakhtar. Pelo lado do Benfica é que a coisa se torna um pouco mais difícil de ser explicada.
O Benfica chegou nesta temporada como campeão português, como um dos times da moda na Europa, que nutriu grande invencibilidade e jogava um futebol bonito e ofensivo sob olhares do alemão Roger Schmidt. Em 2022/23, o time só caiu na Champions nas quartas de final para a finalista Internazionale e tinha a ambição de, pelo menos, chegar novamente no mata-mata do torneio.
Naturalmente, o Benfica sofreu no mercado com as consequências da boa temporada, perdeu antes do fim dela Enzo Fernández (Chelsea), e também não conseguiu segurar Gonçalo Ramos (PSG) e Grimaldo (Leverkusen). Com dinheiro em caixa, porém, o clube foi consciente ao mercado em busca de reposições que saltavam os olhos. Di María escolheu voltar ao clube, quando tinha outras opções, e um esforço financeiro foi feito para compensar as saídas: o brasileiro Arthur Cabral chegou pela mesma quantia da venda de Gonçalo e Bernat, lateral de seleção espanhola, supre a saída de Grimaldo, compatriota renegado na Espanha. A expectativa de mudar até para melhor, porém, logo ruiu.
Vlachodimos, mencionado pelo jornalista, era o goleiro titular dos Encarnados há cinco temporadas, mas por desentendimentos com Schmidt foi liberado para o Nottingham Forest. O substituto escolhido foi o ucraniano Anatoliy Trubin, ex-Shakhtar, que por enquanto sofre com uma média de gols sofridos superior a de seu predecessor: 0,9 por jogo, contra 0,7 de Vlachodimos.
Com a Liga dos Campeões fora de questão, o Benfica ainda tem pela frente a chance de se classificar para a Liga Europa. Na Uefa, assim como acontece na Conmebol, os terceiros colocados da principal competição são ‘rebaixados’. Em um caso a Sul-Americana, no caso do Benfica a Liga Europa. Com a inegável dificuldade que os portugueses teriam para almejar um título de Champions, seria a Liga Europa uma boa alternativa? Não necessariamente.
“Uma coisa é não se classificar por detalhes, outra é ser humilhado rodada após rodada. Não é compatível com a grandeza e a história do clube. As consequências serão nefastas, certamente, e há um Benfica-Sporting já no domingo. A Liga Europa será sempre um castigo e nunca um conforto, a não ser que o clube seja capaz de ganhar a disputa. De qualquer forma, até essa classificação à Liga Europa parece inverossímil nesta altura”, opina Cunha.
De momento, para sonhar com a Liga Europa, o Benfica precisa tirar uma diferença de três pontos para o Red Bull Salzburg, teoricamente a equipe mais fraca do grupo. Restam dois jogos para o fim da primeira fase da Liga dos Campeões, com um confronto direto entre os times na última rodada. Fora o leite já derramado, o Benfica se mantém vivo em outros torneios, como nas copas locais, e no próprio Campeonato Português, que vem com três pontos a menos que o líder Sporting, o que torna o dérbi do final de semana ainda mais crítico.
Para quem sonhou tão alto e planejou um ano de sucesso, a realidade é que o Benfica já perdeu mais vezes nesta temporada (5) que em toda temporada passada (4). No momento, o aproveitamento de 70% até pode enganar, mas é inflacionado pelo pouco equilibrado campeonato local e contrasta com os 87% de 2022/23. Em menos da metade da temporada, cabe ao time agora provar no tempo que lhe resta que as oportunidades criadas pelas decepções também podem ser convertidas em um final feliz.
Fonte: Ogol
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