Pesquisadores da Flinders University (Austrália) descobriram que o termo “bullying” pode estar prejudicando a prevenção eficaz do comportamento prejudicial nas escolas.
O estudo revelou que a ampla interpretação do termo pode levar a casos que passam despercebidos ou não são relatados, especialmente por crianças.
A pesquisa envolveu mais de 800 estudantes com idades entre 11 e 16 anos e analisou suas percepções sobre serem vítimas de bullying, comparando essas percepções com casos de bullying técnico.
O artigo é da Dra. Grace Skrzypiec, do Colégio de Educação, Psicologia e Trabalho Social e foi publicado na Children and Youth Services Review.
Os resultados revelaram diferenças significativas nas avaliações entre pesquisadores e estudantes que haviam sido vítimas de bullying, conforme o Phys.org.
De forma alarmante, descobrimos que quase metade dos participantes não reconheceu onde ocorreu o “bullying técnico”. Esta ambiguidade em torno da percepção do bullying suscita preocupações, especialmente para os alunos que relatam níveis significativos de danos, mas que não percebem que foram vítimas de bullying.
Dra. Grace Skrzypiec, do Colégio de Educação, Psicologia e Trabalho Social da Flinders University
Um dado alarmante é que quase metade dos participantes não reconheceu casos de bullying técnico. Essa ambiguidade na percepção do fenômeno levanta preocupações, principalmente para os estudantes que relatam níveis significativos de prejuízo, mas não percebem que foram vítimas de bullying.
O bullying pode ser uma experiência normativa para estas crianças, no sentido de que normalizam comportamentos negativos e prejudiciais. Estas crianças podem até adotar distorções cognitivas, ou podem culpar-se pelo bullying a que são submetidas e provavelmente não procurarão ajuda
Dra. Grace Skrzypiec, do Colégio de Educação, Psicologia e Trabalho Social da Flinders University
Isso demonstra a necessidade de uma definição compartilhada do bullying, especialmente para aqueles que estão nas escolas e sofrem as consequências desse tipo de agressão entre pares.
O que chamamos de ‘bullying técnico’ geralmente envolve certo grau de agressão entre pares, e é este aspecto que precisa de definição mais precisa para melhor reconhecer, monitorar e prevenir sua ocorrência.
Dra. Grace Skrzypiec, do Colégio de Educação, Psicologia e Trabalho Social da Flinders University
Importância de abordagem baseada em evidências
É importante repensarmos como identificamos esse comportamento e abandonarmos o foco excessivo no termo “bullying”, segundo Skrzypiec.
A doutora indica ainda que devemos nos concentrar em identificar e, consequentemente, reduzir os atos prejudiciais de agressão entre os estudantes.
Pesquisas futuras sobre prevenção do bullying só poderão avançar com uma abordagem baseada em evidências.
A preocupação é que os jovens continuem a sofrer bullying, por isso precisamos repensar como identificamos esse comportamento. Até que isso aconteça, as pesquisas para evitá-lo não podem avançar.
Dra. Grace Skrzypiec, do Colégio de Educação, Psicologia e Trabalho Social da Flinders University
Fonte: Olhar Digital
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