Anualmente, cada cidadão brasileiro descarta cerca de 64 quilos de plástico, segundo dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil de 2022. O número é preocupante devido ao impacto da poluição em diversos ecossistemas.

Os resíduos plásticos são os poluentes mais frequentemente encontrados nos corpos hídricos do planeta, representando 48,5% dos materiais que se infiltram nos oceanos.

Diante desse desafio, cientistas da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram plásticos biodegradáveis a partir de resíduos industriais. Esses plásticos têm vantagens únicas: eles são antioxidantes, antimicrobianos e até comestíveis.

Délia Blácido, professora da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP de Ribeirão Preto e coordenadora do projeto, explica que o grupo da USP estuda resíduos agroindustriais produzidos no Brasil em grande número.

Segundo ela, os resíduos são uma fonte de uma variedade de polímeros naturais que podem ser utilizados para fabricação de plásticos com características especiais. Uma das patentes desenvolvidas foi a do plástico bioativo antioxidante e antimicrobiano para alimentos, divulgada pela Agência USP de Inovação.

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(Imagem: Hans/Pixabay)

Indústria alimentícia

Essas patentes, se adotadas pelo mercado, devem impactar significativamente a indústria de alimentos.

A indústria de alimentos é a que mais consome plástico sintético. O plástico bioativo reduz o consumo de plástico sintético, diminui a contaminação desses materiais e ainda protege o alimento contra a oxidação.

Nesse sentido, para tornar a indústria alimentícia mais ecológica e prática, os pesquisadores estão explorando a produção de materiais rígidos, como isopor e bandejas. Contudo, eles planejam conduzir testes em escala industrial.

Testes

A maioria das patentes, no entanto, já passou por testes em laboratório e está pronta para avançar para a próxima etapa, que consiste em definir suas aplicações específicas.

Esses plásticos biodegradáveis representam uma inovação significativa no setor de embalagens e alimentos, visto que reduzem o uso de plástico sintético, ao mesmo tempo em que oferecem propriedades antioxidantes e antimicrobianas.