A startup Herloom Carbon Technologies dá passos significativos na vanguarda da luta contra as mudanças climáticas. Isso porque a empresa ergueu o que afirma ser a primeira planta comercial nos Estados Unidos a empregar a captura direta de dióxido de carbono do ar, um processo vital na remoção de gases de efeito estufa da atmosfera.

Para quem tem pressa:

Numa instalação ao ar livre, estantes de 12 metros de altura sustentam centenas de bandejas contendo um pó branco que, à medida que absorve gás carbônico (CO2) do ar, se torna uma substância “crocante”, conforme descrito numa reportagem do jornal The New York Times. Esta tecnologia tem potencial significativo no combate às mudanças climáticas – e já funciona em outra planta da startup, na Islândia.

Captura de CO2 do ar: como funciona

(Imagem: Krivosheev Vitaly/Shutterstock)

A abordagem da Heirloom envolve a extração de dióxido de carbono do ar e sua selagem permanente em concreto, proporcionando uma solução concreta (trocadilho não intencional) para evitar o aquecimento global.

A tecnologia da Heirloom se baseia em um princípio químico simples: o calcário, uma das rochas mais comuns da Terra, se forma quando o óxido de cálcio reage com o dióxido de carbono.

A Heirloom acelera esse processo, aquecendo o calcário em um forno alimentado por energia renovável. O dióxido de carbono liberado é então armazenado, enquanto o óxido de cálcio restante é transformado novamente em calcário, que é posteriormente utilizado no ciclo.

Para gerar receita, a empresa vende créditos de remoção de carbono para corporações que desejam compensar suas próprias emissões. A Microsoft, por exemplo, já firmou um acordo com a Heirloom para remover 315 mil toneladas de dióxido de carbono da atmosfera.

A planta inaugural da Heirloom nos EUA – localizada em Tracy, na Califórnia – tem capacidade máxima de absorção de mil toneladas de dióxido de carbono por ano (equivalente às emissões de cerca de 200 carros). E a empresa está ansiosa para expandir.

Queremos chegar a milhões de toneladas por ano. Isso significa copiar e colar esse design básico várias vezes.

Shashank Samala, CEO da Heirloom

Contexto e discussões

imagem ilustrativa para texto sobre crédito de carbono
(Imagem: Chris LeBoutillier/Unsplash)

A iniciativa de usar tecnologia para retirar dióxido de carbono da atmosfera saiu do campo da ficção científica e se transformou num negócio relevante. Atualmente, centenas de startups se dedicam a esse objetivo.

Em agosto, o governo dos EUA alocou US$ 1,2 bilhão (aproximadamente R$ 6 bilhões) para apoiar várias empresas, incluindo a Heirloom, na construção de plantas de captura direta de CO2 do ar maiores no Texas e na Louisiana.

Grandes corporações – Airbus e JPMorgan Chase, por exemplo – também investem milhões de dólares na compra de créditos de remoção de carbono para cumprir suas metas climáticas.

No entanto, críticos apontam que muitos métodos artificiais de remoção de dióxido de carbono da atmosfera são caríssimos, variando em torno de US$ 600 (R$ 3 mil) por tonelada ou mais.

Além disso, há preocupações de que essas tecnologias possam desviar a atenção e os recursos necessários para a redução efetiva das emissões. Ambientalistas também estão vigilantes em relação ao envolvimento de empresas de petróleo nesse campo, temendo que possa ser uma tentativa de prolongar o uso de combustíveis fósseis.

No caso da Heirloom, a startup se comprometeu a não aceitar investimentos de empresas de petróleo e gás, nem a permitir que sua tecnologia seja utilizada para facilitar a produção de combustíveis fósseis.

Por outro lado, os apoiadores argumentam que é essencial explorar essas tecnologias. Cientistas ressaltam que as nações adiaram a redução de emissões de gases de efeito estufa por tanto tempo que se tornou quase impossível manter o aquecimento global em níveis toleráveis sem reduções drásticas de emissões e a remoção de bilhões de toneladas de dióxido de carbono da atmosfera até meados do século.