Após o recente apagão em São Paulo, ocorrido na última sexta-feira (03), autoridades e especialistas retomam a discussão sobre a necessidade de enterrar cabos de eletricidade na cidade.
Segundo a Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas (TelComp), apenas 0,3% da rede elétrica da cidade é subterrânea, sendo que a maioria dos cabos se estende por cerca de 20 mil km de fios aéreos.
No entanto, há uma série de dificuldades em realizar obras de enterramento de redes aéreas, segundo José Roberto Cardoso, professor da Escola Politécnica da USP e coordenador do Laboratório de Eletromagnetismo Aplicado (LMAG).
O que você precisa saber:
Dificuldades
Apesar da tecnologia conhecida, o enterramento de cabos elétricos enfrenta dificuldades práticas, incluindo o incômodo causado pelas grandes obras, que envolvem o deslocamento de cabos, postes e transformadores.
Outro desafio é a presença de obstáculos imprevistos, como redes de gás e tubulações desconhecidas no subsolo, devido à falta de documentação detalhada. Portanto, um planejamento cuidadoso é crucial.
Simplesmente enterrar os cabos não basta para resolver o problema. É preciso haver um projeto bem estruturado para que o processo seja executado corretamente.
José Roberto Cardoso, professor da Escola Politécnica da USP e coordenador do Laboratório de Eletromagnetismo Aplicado (LMAG)
Custo alto
Estima-se ainda que o custo de enterramento da rede elétrica é cerca de 20 vezes o custo das redes aéreas, e, se o valor da obra não for financiado pelo Estado, é pago pelo consumidor.
O professor explica que, caso a população precise pagar, o valor da conta de luz deve aumentar, inviabilizando o projeto — já que os menos favorecidos economicamente não teriam condições de arcar com o valor mais elevado.
Ricardo Nunes, prefeito da cidade, estabeleceu uma meta de enterrar 65 km da rede elétrica e afirmou que, até agora, 37 km foram concluídos e 6 km estão em fase final, resultando em 43 km de fios enterrados.
Locais do projeto
O professor acredita que o processo de escolha de regiões onde os projetos estão sendo executados corresponde a locais críticos, onde o enterramento de fios é mais urgente.
Áreas hospitalares, por exemplo, são mais urgentes. Então, o investimento é conveniente para minimizar problemas de falta de energia devido a eventos externos.
Contudo, conexões aéreas nas extremidades dos cabos podem causar instabilidade na eletricidade, uma vez que danos aos cabos aéreos afetam a rede subterrânea.
Fonte: Olhar Digital
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