A Amazônia é considerada o lar da maior biodiversidade do planeta e os alertas sobre a necessidade da preservação da floresta não são novidade. Mas cada vez mais os cientistas descobrem sobre os impactos que a degradação desse ecossistema traria para a Terra. Um deles é a possibilidade do surgimento ou ressurgimento de doenças de potencial pandêmico.

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Riscos para a Amazônia

Doenças causam preocupação

A degradação de áreas conservadas, o desvio de rios e a seca extrema, por exemplo, levam à escassez de água e alimentos. E isto representa uma ameaça direta de desnutrição, afetando a saúde das populações locais, deixando-as mais vulneráveis a doenças já conhecidas.

Além disso, a falta de água limpa e a má higiene em condições de estiagem também aumentam o risco de doenças transmitidas por água e alimentos contaminados, como cólera e hepatite, e viroses que causam diarreias graves, como as rotaviroses. Agravando o quadro, a incidência de doenças associadas à má preservação de peixes, como a rabdomiólise (doença da urina preta) – que não é infecciosa -, também aumenta durante secas extremas.

O aquecimento global é um fator crítico neste processo, permitindo a expansão da presença de mosquitos transmissores de doenças como malária e dengue. Um aumento de poucos graus na temperatura média do planeta pode possibilitar a colonização de áreas anteriormente inacessíveis a esses vetores, pois requerem de condições de temperatura e umidade relativamente altas. Já em regiões onde eles estão presentes, a degradação do ambiente pode aumentar ou diminuir os períodos de chuva, favorecendo alagamentos e manutenção de água empoçada, e facilitando sua proliferação.

Visão aérea do rio Amazonas
Amazônia (Imagem: Curioso.Photography/Shutterstock)

Zoonoses

As doenças infecciosas, especialmente as zoonóticas, aquelas transmitidas de animais para pessoas, são as mais preocupantes. Enquanto alguns patógenos são capazes de infectar uma ou poucas espécies de hospedeiros, outros são mais generalistas e podem, se houver contato e oportunidade, infectar uma grande diversidade de animais.

Esse tipo de “salto” de um hospedeiro a outro ocorre constantemente entre animais em seu habitat natural, por exemplo, de morcegos para primatas não humanos, pequenos roedores e outros mamíferos. Costuma haver, entretanto, um equilíbrio na circulação desses agentes.

Mas quando há a destruição de habitats, as espécies locais migram para áreas mais conservadas em busca de alimentos e abrigo. E isso pode ocorrer justamente em áreas próximas de assentamentos humanos, favorecendo o contato entre animais selvagens e pessoas.

Outra dificuldade é em relação a prevenção dessas doenças. Não é possível prever o surgimento, mas há possibilidade de vigiar esse processo. Isso acontece a partir do monitoramento da circulação de vírus e bactérias resistentes em amostras de água, de animais e vetores, e também humanas. Animais “sentinela” como morcegos, roedores e primatas são submetidos a tecnologias de sequenciamento de nova geração para detecção precoce dos agentes circulantes que possam representar uma ameaça à saúde humana.