Os senadores dos EUA ouviram, nesta semana, Arturo Béjar, ex-diretor de engenharia do Instagram de 2009 a 2015 e consultor na luta contra o assédio na plataforma de 2019 a 2021. Béjar compartilhou em seu depoimento experiências pessoais, destacando que sua filha e amigas passaram por “experiências terríveis” no Instagram.

Para quem tem pressa:

O depoimento do ex-diretor, detalhado pelo Wall Street Journal, faz parte de uma investigação do Congresso dos EUA que mira o Instagram, após revelações sobre seus impactos negativos na saúde mental de adolescentes. Béjar disse que sua filha e amigas enfrentaram comentários abusivos que foram notificados à plataforma, mas não resultaram em ações efetivas por parte da empresa.

A Meta, dona do Instagram, defendeu-se, alegando que possui uma equipe dedicada à segurança dos jovens na internet e desenvolveu mais de 30 recursos para proporcionar experiências positivas na rede social.

Assédio no Instagram

Instagram Stories
(Imagem: PixieMe/Shutterstock)

O depoimento de Béjar apontou casos perturbadores de assédio sexual. Ele contou que sua filha recebeu, aos 14 anos, comentários impróprios e nudes indesejados. As tentativas de denúncia junto ao Instagram foram frustradas, gerando desconfiança nas vítimas quanto à eficácia das medidas tomadas pela plataforma.

Como consultor na equipe de Bem-Estar do Instagram, Béjar conduziu uma pesquisa com 238 mil usuários, revelando que 26% dos usuários de 13 a 15 anos enfrentaram hostilidades relacionadas a sua etnia, religião ou identidade. Além disso, 13% relataram investidas sexuais indesejadas na plataforma.

Apesar desses números, a Meta alega que apenas uma pequena parcela de posts problemáticos é visualizada pelos usuários. Essa disparidade entre os dados internos da empresa e as preocupações reais dos usuários levanta questões sobre a eficácia dos esforços da Meta em proteger os adolescentes em sua plataforma.

Em 2021, Béjar enviou um e-mail detalhado para Mark Zuckerberg, CEO da Meta (empresa-mãe do Instagram), expondo a situação e pedindo mudanças significativas no aplicativo. Contudo, suas preocupações foram supostamente ignoradas pelos executivos da empresa.

A denúncia de Béjar aponta uma suposta negligência da empresa em lidar com questões sérias de assédio na plataforma, especialmente entre adolescentes. Em outubro de 2021, Béjar, antes de deixar a empresa, alertou novamente os chefes sobre o problema.

Acusações e processos

Mark Zuckerberg
(Imagem: Frederic Legrand – COMEO/Shutterstock)

Zuckerberg enfrenta acusações formais em 41 estados dos EUA e em Washington por vetar solicitações internas de destinar mais recursos para proteger a saúde mental dos adolescentes usuários da plataforma.

Os processos contra a Meta citam e-mails internos que indicam resistência da empresa em lidar com questões cruciais, como a desativação de filtros prejudiciais, evidenciando uma lacuna entre a postura pública da empresa e suas ações nos bastidores.

A investigação do Congresso destaca a necessidade urgente de avaliação e reforma nas práticas do Instagram para garantir um ambiente seguro e saudável, especialmente para os jovens usuários vulneráveis.

O caso também ressalta o papel significativo das redes sociais na sociedade e a responsabilidade das empresas em proteger a saúde mental de seus usuários, especialmente os mais jovens.

Outro lado

Fachada do prédio da Meta
(Imagem: Shutterstock)

A Meta informou, em Nota, que, diariamente, inúmeras pessoas dentro e fora da empresa trabalham para manter jovens seguros na internet. A companhia também afirmou que tem mais de 30 ferramentas para ajudar adolescentes a terem experiências positivas na plataforma.

“As questões levantadas aqui em relação às pesquisas de percepção do usuário destacam uma parte desse esforço, e pesquisas como essas nos levaram a criar recursos como notificações anônimas de conteúdo potencialmente ofensivo e avisos de comentários”, afirmou a empresa, segundo a agência de notícias Associated Press (AP).

Em relação ao material indesejado por usuários e que não viola regras do Instagram, a Meta afirmou que, desde 2021, reduz automaticamente o alcance conteúdo “problemático ou de baixa qualidade”, incluindo desinformação ou postagens com palavrões, discurso de ódio ou imagens sangrentas.