Os terremotos geralmente acontecem no limite das placas tectônicas, como resultado da liberação de energia em forma de ondas sísmicas após movimentações repentinas. De forma mais rara, alguns tremores ocorrem dentro das placas (intraplaca) em zonas de fraqueza, como a reativação de falhas antigas ou fendas.

Mas agora, um grupo de pesquisadores descobriu que o aumento do nível do mar, ocasionado pelas mudanças climáticas, pode tornar esses eventos mais frequentes.

Para quem tem pressa:

Aumento do nível do mar, impulsionado pelo derretimento de geleiras, pode tornar terremotos mais recorrentes, diz estudo. Crédito: Lovelypeace – Shutterstock

Um artigo publicado recentemente na revista Quaternary Science Reviews descreve o estudo, coordenado por uma dupla de pesquisadores da Universidade Nacional de Kangwon, na Coreia do Sul. Os cientistas Man-Jae Kim e Hee-Kwon Lee analisaram a recorrência dos terremotos e mudanças nos campos de tensão em toda a Península Coreana durante os períodos interglaciais, que ocorrem em ciclos de 100 mil anos.

Subida rápida do nível do mar

A Península Coreana está localizada na borda oriental da placa eurasiática, tendo sido fonte de atividades sísmicas durante milênios, algumas mais fortes que as outras, que causaram fraturas e falhas nas placas. Para encontrá-las e determinar a idade delas, os pesquisadores usaram a datação por ressonância de spin eletrônico (ESR).

A partir da análise, eles descobriram que os terremotos que ocorreram nas zonas de falhas coincidiram com cinco períodos interglaciais que aconteceram nos últimos 650 mil anos. Associando, assim, os abalos sísmicos a rápidas mudanças no nível do mar, resultado do derretimento das camadas de gelo.

Embora a Península Coreana estivesse longe demais dos mantos de gelo para ser afetada pela  libertação da tensão do peso das geleiras, os pesquisadores acreditam que o aumento do volume e do peso da água foi o responsável pelo estresse da litosfera, onde estão localizadas as placas tectônicas.

De forma geral, o estudo sugere que, com o derretimento das geleiras e aumento dos níveis do mar, as mudanças climáticas podem acabar desencadeando mais terremotos no futuro, o que obriga a humanidade a se preparar e planejar para reduzir os danos.