Natural de São Luís do Maranhão, Dyego Sousa é mais um personagem pouco conhecido no futebol brasileiro, mas que construiu uma trajetória sólida no continente europeu.
Atualmente no Alcorcón, clube que disputa a segunda divisão espanhola, o atacante concedeu entrevista ao Zerozero (confira o papo completo) e passou a limpo sua carreira, a começar pelo início no Moto Club e sua chegada (com apenas 18 anos) em solo português.
“Nem sonhava com a Europa. No entanto, saí do Moto Club, fui para o Palmeiras e depois tive a oportunidade de ir um ano para os juniores do Nacional. Aí percebi o que era a Europa e, quando fui mandado embora do Nacional, lembro-me até hoje que, no avião, pensei ‘Vou voltar a Portugal e vou ser muito feliz’.
“Não tinha nada em vista, não tinha clube, não tinha noção de nada. Tive só esta sensação que nunca mais me esqueço. Fui para casa desempregado, voltei ao Moto Club, passei pelo Operário e depois apareceu o Leixões, que me permitiu voltar a Portugal”.
A boa recepção em Portugal, que o fez se sentir “mais português que brasileiro”, contribuiu para a construção de um bom caminho no futebol luso, que contou com passagens por Tondela, Portimonense e no Marítimo.
Mas foi a partir da temporada, após encarar um período de nove meses de suspensão, que o luso-brasileiro viveu seu auge. Contratado pelo SC Braga, Dyego viveu sua melhor versão com o técnico Abel Ferreira, atual comandante do multicampeão Palmeiras.
Fora de campo, porém, a relação entre os dois foi marcada por inúmeros desentendimentos. Mas apesar de toda a turbulência dos bastidores, o luso-brasileiro garantiu que na balança pesou muito mais o lado treinador de Abel.
“Eu digo a todas as pessoas próximas de mim: é um treinador que, pessoalmente, foi o pior que tive. A forma como me cobrava, como exigia coisas de mim… Na altura eu ainda era cabeça dura, não gostava de forma como ele falava comigo, batia de frente com ele e resmungava. No entanto, foi o treinador que, mesmo não gostando dele enquanto pessoa, me mostrou o que é jogar futebol e como me devo posicionar em campo”, disparou.
No bate-papo, Dyego Sousa, que é torcedor do Flamengo declarado, aproveitou para dar um pitaco sobre o atual momento do seu ex-treinador, que está perto de conquistar mais um grande título no comando do Palmeiras.
“Ele é um treinador que sabe gerir o grupo, só queria que ele estivesse no meu Flamengo! Torço pelo Palmeiras porque é um clube que joga bom futebol, mas, se ele estivesse no meu Flamengo, eu também ia gostar. Sei que ele ia colocar aquilo da forma como tinha de ser. Ele tem feito uma carreira excelente, torço por ele e espero que continue a ganhar títulos”, completou.
Foi sob o comando de Abel Ferreira, inclusive, que Dyego viveu a temporada mais artilheira da carreira. Em 2018/2019, o atacante marcou 20 gols em 41 jogos e fez por merecer a tão sonhada convocação para seleção portuguesa.
“Me lembro que recebi a notícia depois de um treino. Na altura, a equipe de comunicação do SC Braga ia muito ao vestiário no dia da divulgação da convocação, até porque estávamos sempre à espera da convocação de Ricardo Horta, Esgaio ou de Palhinha. Estávamos sempre à espera e nunca acontecia, até que, na vez em que a televisão do clube não foi lá dentro, apareceu o meu nome. Ali caiu a ficha e percebi: Estou aqui”, revelou.
Depois de convocado, Dyego Costa aceitou uma transferência para o futebol chinês e não mais voltou a ser convocado. Perguntado sobre a “inesperada” mudança para China, o luso-brasileiro garantiu que não se arrependeu da escolha e citou até um conselho de Cristiano Ronaldo à época.
“Quando chegou a proposta eu disse que não queria, que não ia. No entanto, depois conversei com a minha família, com pessoas mais próximas e até com o próprio Cristiano Ronaldo. Ele me disse: ‘Mané, acho que deveria ir. Independentemente de onde esteja, se marcar gols pode ser chamado’. A prova disso é a ida dele para a Arábia”
“Percebi o quão curta é a carreira de um jogador. Estamos cá por amor ao futebol, mas a vida financeira e a estabilidade de uma família também são importantes. Isso pesou na decisão e posso dizer que não me arrependo”, garantiu.
Hoje, no auge de seus 34 anos, Dyego Sousa está longe de pensar em aposentadoria. Com contrato até o fim da temporada com o Alcorcón, o luso-brasileiro ainda pensar em atuar em outros mercados.
“Tenho um ano de contrato com o Alcorcón, quero ser o artilheiro da equipe e estar feliz. No próximo ano logo veremos. O meu objetivo a longo prazo? Ficar no Campeonato Espanhol ou ir para fora, para uma China ou para uma Arábia. É o que vejo neste momento e o que vou tentar fazer”, finalizou.
Fonte: Ogol
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