Um grupo de paleontólogos realizou uma tomografia computadorizada no crânio de um dinossauro há muito negligenciado, revelando que ele pode ser mais interessante do que se pensava. A análise revelou que o animal possuía um equilíbrio e um superolfato comum a animais que atualmente passam parte de sua vida no subsolo, características nunca vistas nesses répteis.
A investigação, recentemente publicada naScientific Reports, analisou um dinossauro apelidado de Willo. O espécime está atualmente guardado no Museu de Ciências Naturais da Carolina do Norte e trata-se de um Thescelosaurus negligenciaus.
No estudo, os pesquisadores utilizaram um tomógrafo computadorizado para reconstruir tecidos moles do crânio do Thescelosaurus negligenciaus, como o cérebro e o ouvido interno, que não foram fossilizados. Ao comparar essa reconstrução com outros dinossauros, foi possível determinar o tamanho do cérebro do espécime, bem como eram seus sentidos de olfato, audição e equilíbrio.
A ironia é que os paleontólogos geralmente consideram estes animais muito chatos. Quando analisamos nossos resultados pela primeira vez, pensamos, sim, este animal é simples como uma torrada. Mas então demos um grande passo para trás e percebemos que havia algo único na combinação dos pontos fortes e fracos sensoriais de Willo.
Lindsay Zanno, paleontóloga coautora do estudo, em comunicado
Supersentidos do dinossauro
A pesquisa revelou que os Thescelosaurus negligenciaus não conseguiam ouvir sons agudos, ouvindo apenas 15% do que os humanos conseguem detectar, e entre 4% a 7% do que os cachorros e gatos conseguem. No entanto, a falta de uma boa audição deu a esses dinossauros um ótimo olfato.
Os bulbos olfativos, região do cérebro que processa o cheiro, do Willo eram maiores do que os de um crocodilo, que podem sentir o cheiro de uma gota de sangue a quilômetros de distância. No espécime de dinossauros, no entanto, ele era provavelmente utilizado para encontrar raízes e tubérculos.
Além disso, esses dinossauros possuíam um senso de equilíbrio impressionante e incomumente bem desenvolvido. Essas características são frequentemente encontradas em animais que passam tempo no subsolo, indicando que talvez os Thescelosaurus negligenciaus tivessem hábitos parecidos.
Os pesquisadores ainda não conhecem bem a capacidade sensorial da maioria dos dinossauros, então não é possível associar com certeza essas características a estilos de vida específicos. No entanto, acredita-se que em investigações futuras, mais descobertas podem ser feitas.
A ideia de que possam ter existido dinossauros vivendo sob os pés do T. rex e do Triceratops é fascinante. Não importa o que aconteça, agora sabemos com certeza que o T. negligenus não é chato.
Lindsay Zanno
Fonte: Olhar Digital
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