Um artigo publicado nesta segunda-feira (13) na revista Nature Astronomy relata uma descoberta extraordinária de emissões de rádio parecidas com auroras, ocorrendo a uma altitude de 40 mil km acima de uma região ativa no Sol – também conhecida como mancha solar.
“Detectamos um tipo peculiar de rajadas de rádio polarizadas de longa duração emanadas de uma mancha solar, persistindo por mais de uma semana”, disse o astrônomo Sijie Yu, líder do estudo no Centro de Pesquisa Solar-Terrestre do Instituto de Tecnologia de Nova Jersey (NJIT-CSTR). “Esta observação singular contrasta com as rajadas de rádio solar típicas, oferecendo uma janela inédita para compreender os processos magnéticos estelares”.
Segundo a pesquisa, essa emissão de rádio recém-observada difere das tempestades de ruído de rádio solar conhecidas, sendo atribuída à emissão de elétron-cíclotron maser (ECM). “Nossa análise espacial, temporal e espacialmente resolvida sugere que eles são devidos a ECMs envolvendo elétrons energéticos presos em geometrias de campo magnético convergentes”.
Efeito de farol cósmico
A área intensamente magnética das manchas solares proporciona um ambiente propício para esse tipo de emissão, assemelhando-se a características de outros planetas e estrelas.
Yu também descreveu o fenômeno como um “efeito de farol cósmico”, indicando uma modulação rotacional sincronizada com a rotação solar. “À medida que a mancha solar atravessa o disco solar, ela cria um feixe rotativo de luz de rádio, semelhante à aurora de rádio modulada que observamos de estrelas em rotação”.
Essa descoberta pioneira pode ajudar na releitura de explosões solares anteriores para determinar se algumas se enquadram nesse tipo de emissão.
Além disso, os pesquisadores acreditam que essas emissões de rádio solares, embora mais tênues, são análogas às auroras estelares observadas em outras estrelas e podem indicar que manchas estelares em corpos mais frios sejam fontes de explosões semelhantes.
Emissões de rádio estilo auroras desafiam modelos astrofísicos
Segundo Bin Chen, coautor do estudo, esta observação está entre as evidências mais claras de emissões de ECM de rádio já vistas no Sol. “Essa similaridade com observações estelares sugere uma possível aplicabilidade desse modelo a outras estrelas com manchas”.
Essa perspectiva convergente entre o comportamento solar e atividades magnéticas em outras estrelas pode reformular os modelos astrofísicos atuais. “Estamos começando a montar o quebra-cabeça de como partículas energéticas e campos magnéticos interagem em um sistema com a presença de manchas estelares de longa duração”, disse Surajit Mondal, pesquisador solar do NJIT, que também fez parte do estudo.
A descoberta sugere que a compreensão das emissões solares pode fornecer informações cruciais sobre as emissões estelares, potencialmente remodelando as bases da astrofísica contemporânea.
Fonte: Olhar Digital
Comentários