Utilizando um novo método, cientistas realizaram a reconstrução facial de um neandertal que viveu entre 47 mil e 56 mil anos atrás. Os resultados foram revelados em uma conferência apresentada pelo Ministério da Cultura da Itália no mês de outubro.
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Descoberta do esqueleto
Aparência do neandertal
Para a reconstrução facial, artistas forenses usaram tomografias computadorizadas (TC) existentes do crânio e, em seguida, preencheram as lacunas existentes através de medidas ao longo do plano horizontal de Frankfort (uma linha que passa da parte inferior da cavidade ocular até o topo da abertura da orelha) com base em um crânio humano retirado de um banco de dados de doadores. Isso deu aos pesquisadores a estrutura necessária para gerar o formato do rosto.
Após, usaram marcadores de espessura de tecidos moles em doadores humanos vivos para construir digitalmente a pele e os músculos. Eles então melhoraram a aproximação para torná-la mais realista, adicionando detalhes como cor à pele e ao cabelo. Não ficou claro na pesquisa se essas cores eram baseadas em uma análise de DNA ou se apenas foi um palpite.
Geramos duas imagens, uma mais objetiva apenas com o busto em tom sépia sem cabelo e outra mais especulativa [e] colorida com barba e cabelo. Essa imagem mostra como os neandertais eram parecidos conosco, mas ao mesmo tempo eram diferentes, com peculiaridades mais óbvias, como a ausência do queixo, por exemplo. Mesmo assim, é impossível não olhar para a imagem e tentar imaginar como era a vida daquele indivíduo, há milhares de anos.
Cícero Moraes, coautor do estudo
Essa não é a primeira vez que cientistas tentam criar uma aproximação facial do neandertal, mas agora os pesquisadores usaram dados de tomografia computadorizada para chegar a um resultado.
Reconstruções anteriores pareceram exageradamente semelhantes a macacos. Com o uso de medidas digitais da tomografia prontamente disponíveis foi possível detalhar com maior precisão como seria o rosto do neandertal.
Se observarmos atentamente as aproximações oferecidas ao longo dos anos, abrangendo quase um século, podemos ver como os traços faciais desse homem de Neandertal foram suavizados e ‘humanizados’, abandonando uma percepção ou interpretação mais brutal dele, que caracterizou a ideia que os antropólogos do passado tinham dos neandertais.
Francesco Galassi, coautor do estudo
Segundo os pesquisadores, essa mudança na percepção pode ser atribuída a inúmeros avanços no estudo dos neandertais que mostraram como eles estavam muito mais próximos na anatomia – portanto, provavelmente na fisiologia – do Homo sapiens anatomicamente moderno.
Fonte: Olhar Digital
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