Mais pessoas vão morrer de calor extremo no mundo nas próximas décadas. De acordo com uma análise do The Lancet Countdown divulgada na última quarta-feira (15), é esperado um aumento de cinco vezes no número de óbitos decorrentes das altas temperaturas.

De acordo com o relatório, o calor extremo pode impactar a vida de muitas formas. Desde secas que podem se tornar mais comuns nas próximas décadas, até a propagação de mosquitos que podem transmitir doenças infecciosas. 

O número de pessoas com mais de 65 anos que morreram devido ao calor aumentou 85% entre 1991-2000 e 2013-2022. “No entanto, estes impactos que vemos hoje podem ser apenas um sintoma inicial de um futuro muito perigoso”, disse Marina Romanello, diretora executiva do Lancet Countdown.

Mortes por calor extremo

Considerando um aumento de dois graus Celsius até o fim do século, o que é menos do que as previsões atuais, as mortes podem aumentar 370% até 2050, ou seja, 4,7 vezes.

“As pessoas que vivem nos países mais pobres, que muitas vezes são menos responsáveis ​​pelas emissões de gases com efeito de estufa, estão a suportar o peso dos impactos na saúde”, disse Georgiana Gordon-Strachan, do Lancet Countdown.

“O mundo está a mover-se na direção errada, incapaz de conter o seu vício em combustíveis fósseis e deixando para trás comunidades vulneráveis ​​na tão necessária transição energética”, complementou ainda o chefe da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Termômetro marcando 40 graus num dia marcado por muito calor na cidade de São Paulo
(Imagem: Rovena Rosa/São Paulo)

Calor extremo vai ser o novo padrão para os próximos anos?

Os últimos dias estão sendo marcados por recordes de calor em praticamente todo o Brasil. 2023 já pode ser considerado um dos anos mais quentes já registrados na história. O super el niño e o aquecimento global são apontados como as principais causa dessas mudanças de temperatura, mas situações como essa podem se tornar mais recorrentes. 

O Inmet colocou 15 estados em alerta vermelho para onda de calor nesta semana, indicando  um fenômeno meteorológico de “intensidade excepcional, com grande probabilidade de ocorrência de grandes danos e acidentes”.

Em seu mais recente relatório, o órgão cita julho, agosto, setembro e outubro como meses com médias de temperatura acima da média histórica. “Dentre os quatro meses consecutivos mais quentes deste ano, setembro apresentou o maior desvio (diferença entre o valor registrado e a média histórica) desde 1961, com 1,6ºC acima da climatologia de 1991/2020 (média histórica)”, diz o Inmet.

O órgão ainda classifica 2023 como o mais quente registrado desde a década de 1960. “Em 2023, os meses citados foram marcados por calor extremo em grande parte do País e eventos de onda de calor, reflexo dos impactos do fenômeno El Niño (aquecimento acima da média das águas do Oceano Pacífico Equatorial), que tende a favorecer o aumento da temperatura em várias regiões do planeta. Desta forma, o cenário indica que o ano de 2023 será o mais quente desde a década 60”. Veja mais.