O líder de extrema-direita e do Partido pela Liberdade (PVV), Geert Wilders, que é anti-imigração, islamofóbico e contra a União Europeia, começará a procurar, nesta quinta-feira, 23, parceiros de coalizão para formar um novo governo na Holanda. O PVV foi o grande vencedor nas eleições no país e conquistou 37 dos 150 assentos – 20 a mais do que tinha até agora -, ficando à frente do bloco de esquerda PvdA-GL, com 25 cadeiras, e dos liberais de direita do VVD, com 24. Em quarto lugar está o Novo Contrato Social (NSC), partido do democrata-cristão Pieter Omtzigt, que entra pela primeira vez no Parlamento e já com 20 cadeiras. Com 98,5% dos votos apurados, o número de partidos que conseguiram pelo menos uma cadeira no Parlamento holandês sobe para 15 dos 26 grupos que concorreram nas eleições gerais de ontem, com o anti-racista BIJ1 e o 50Plus (que defende os interesses do idosos) perdendo sua representação parlamentar.
Todas as atenções estão voltadas para o VVD e o NSC, dois partidos de centro-direita, que poderiam sentar-se à mesa de negociações com o PVV, embora Yeşilgöz tenha salientado ontem à noite que não se vê em um gabinete em que Wilders seja primeiro-ministro. O NSC, fundado recentemente e liderado por Pieter Omtzigt, conhecido por suas posições anti-imigração, afirmou que está “disponível” a formar ajudar, mas alertou que a negociação “não será fácil”. Para a formação do último governo, foi necessário o recorde de 271 dias. E, por enquanto, a incerteza é total. Para governar é necessário ter 76 deputados, com o apoio dos aliados o PVV pode chegar a 86. Wilders, um islamofóbico eurocético que pouco é visto em público devido às ameças que recebe, construiu um forte movimento político anti-muçulmano, anti-imigração e anti-europeu desde 2006 e venceu as eleições, contudo, já adiantou que está disposto a ceder para ser primeiro-ministro de um país afeito à social-democracia. Duante sua campanha ele prometeu suspender toda a imigração no país, reduzir pagamentos holandeses a União Europeira e bloquear a entrada de novos membros no grupo, incluíndo a Ucrânia.
“Os holandeses voltarão a ser prioridade. O povo holandês retomará o seu país e o tsunami de refugiados e imigrantes será limitado”, prometeu Wilders a uma multidão que gritava seu nome na noite das eleições. Ele já foi classificado como ‘Trump neerlandês’, e chegou a ser descrito como filho pródigo do republicano devido tanto às suas semelhanças físicas com o ex-presidente dos Estados Unidos, como seu cabelo loiro bem cuidado, quanto à sua retórica contra o Islã, que o forçou a se cercar de guarda-costas devido a ameaças que recebe. Na noite de quarta-feira, quando a vitória do seu partido já era dada como certa, Wilders que não promoverá medidas anti-islâmicas como a proibição do Corão ou o fechamento de escolas islâmicas (dois pontos do seu programa eleitoral) e prometeu respeitar a Constituição, em uma tentativa de pavimentar o caminho para as negociações, que terão início oficialmente na sexta-feira.
Essas eleições, foram desencadeadas pela renúncia, em julho, do ex-primeiro-ministro Mark Rutte, que ficou 13 anos à frente do governo e desempenhou um papel importante em questões comunitárias como o resgate da zona do euro (enfrentando com sua posição austera os países do sul da Europa) ou a guerra na Ucrânia. Contudo, uma divisão interna sobre a política migratória que resultou no colapso da sua quarta coligação governamental, fez com que deixasse o cargo. Para a formação do último seu governo, foi necessário o recorde de 271 dias. E, por enquanto, a incerteza é total.A vitória de Wilders, classificada pelos jornais locais como uma ‘avalanche política’ e uma guinada à direita da Holanda, envia um alerta aos principais partidos da Europa antes das eleições da União Europeia, marcadas para junho de 2024, que, provavelmente, terá como questões centrais as memas questões das eleições holandesas: imigração, custo de vida e mudanças climáticas.
A vitória da extrema direita nos Países Baixos abalou Bruxelas, sede das instituições da União Europeia, a menos de sete meses das eleições europeias que podem ser marcadas por um reforço aos partidos que questionam o projeto comunitário. A medida que se aproximam as eleições europeias, o desempenho do partido anti-imigração e que questiona a UE é visto como uma mudança no equilíbrio político do bloco. Geert Wilders faz parte do cenário político neerlandês há décadas, construindo sua carreira sobre uma cruzada contra o que ele chama de “invasão islâmica” no Ocidente. Seus desentendimentos com a justiça neerlandesa, que o considerou culpado de insultar os marroquinos – a quem chamou de “escória” -, e as ameaças de morte, que o mantêm sob proteção policial desde 2004, não o desanimaram.
Para essas eleições, Wilders buscou aprimorar sua imagem, suavizando algumas de suas posições e defendendo que há “problemas mais graves” do que reduzir o número de solicitantes de asilo, como “segurança e saúde”. Ele passou oito anos escrevendo discursos para o partido, antes de ingressar no Parlamento como deputado liberal. Sua rejeição à imigração é paradoxal, uma vez que Wilders é um imigrante de segunda geração que tem as suas origens nas Índias Orientais Holandesas: é filho de uma jovem nascida em Sukabumi, atual Indonésia e o país com a maior população muçulmana no mundo.
*Com agências internacionais
Fonte: Jovem Pan News
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