O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, propôs a criação de uma província na região de Essequibo, área disputada com a Guiana. A proposta foi apresentada nesta terça-feira, 5, durante uma reunião com o alto escalão do governo venezuelano. Maduro ordenou ainda que a estatal petroleira Petróleos de Venezuela (PDVSA) conceda licenças para a exploração de petróleo, gás e minas na região. O presidente propôs “ativar de imediato o debate na Assembleia Nacional e a aprovação da lei orgânica para a criação da Guiana Essequiba”. Antes do anúncio do presidente, o chefe do comando da campanha chavista para o referendo sobre o território de Essequibo, Jorge Rodríguez, já havia afirmado que a Venezuela tomaria medidas de acordo com o mandato popular dado na consulta de domingo, quando a anexação da região em disputa com a Guiana foi aprovada de forma não vinculante. Durante uma coletiva, ele garantiu que “as ações que serão tomadas nas próximas horas serão baseadas no mandato do povo” em favor dos direitos que a Venezuela alega ter sobre a área em questão, de quase 160 mil quilômetros quadrados, e na implementação de “um plano acelerado para o atendimento integral da população atual e futura desse território”. Rodríguez insistiu que a consulta “é vinculante”, o que significa uma incursão iminente nessa área controlada por Georgetown e o fim das competências da Corte Internacional de Justiça (CIJ) sobre o assunto, algo que não é decidido por uma consulta nacional. “Vocês vão ver, a partir de hoje à tarde. Nós vamos calar a boca deles com o caráter vinculante desse referendo, a partir de hoje à tarde, fiquem muito atentos, fiquem muito atentos ao que vai acontecer hoje à tarde”, declarou.
O território é disputado pelos países há mais de um século e está sob o controle de Guiana desde o século 19. Pelo menos 125 mil pessoas moram na região, que representa 70,4% do atual território da Guiana. Em 2015, foi descoberto a existência de petróleo na região. A Guiana, inclusive, é o país sul-americano que vem registrando crescimento nos últimos anos. Os dois países afirmam ter direito sobre o território. Nesta segunda-feira, Maduro garantiu que seu país vai recuperar Essequibo e que busca “construir consensos”. Por outro lado, o vice-presidente da Guiana, Bharrat Jagdeo, afirmou em entrevista que está se preparando para o pior e que o governo está trabalhando com parceiros para reforçar a “a cooperação de defesa”. O ministro das Relações Exteriores guianense, Hugh Todd, disse que o país está “vigilante” após a decisão do último domingo. “Temos que permanecer sempre vigilantes. Embora não acreditemos que ele vá ordenar uma invasão, temos que ser realistas sobre o ambiente na Venezuela e o fato de que o presidente Nicolás Maduro pode fazer algo muito imprevisível”, afirmou Todd.
Nesta segunda-feira, o líder venezuelano anunciou a próxima etapa da “poderosa” disputa territorial. “Demos o primeiro passo de uma nova etapa histórica para lutar pelo que é nosso. Hoje o povo falou duro, alto e claro, e vamos começar uma nova e poderosa etapa, porque levamos o mandato do povo, levamos a voz do povo”, comentou o presidente venezuelano diante de uma multidão, minutos depois de o Conselho Nacional Eleitoral anunciar os resultados do referendo, que teve 10.554.320 votos. “Foi um dia maravilhoso, uma vitória esmagadora do ‘Sim’”, disse o líder venezuelano que tentará a reeleição em 2024. Maduro destacou o “nível muito importante de participação do povo”, que não ficou claro, já que o CNE anunciou o número total de “votos”, sem explicar se eles correspondem ao mesmo número de eleitores ou se foi feita uma contagem de cinco votos por pessoa, correspondente ao número de perguntas respondidas por cada participante. Ele também agradeceu a alguns oponentes, incluindo o duas vezes candidato à presidência Henrique Capriles, por participarem dessas votações. “O polo contrário estava no exterior: o governo da Guiana, a ExxonMobil, o império norte-americano”, disse ele, sem dar detalhes das ações que planeja tomar agora que, como esperava, tem apoio popular para “reforçar” a defesa do país na disputa com o país vizinho.
Fonte: Jovem Pan News
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