A conferência climática das Nações Unidas, COP28, solicita a redução do consumo e produção de combustíveis fósseis, mas não menciona a eliminação progressiva desses recursos.
Um novo rascunho divulgado na segunda-feira, 11, pela COP28 (conferência climática das Nações Unidas), que está sendo realizada em Dubai e deve terminar na terça-feira, 12, pede a “redução” dos combustíveis fósseis para manter o objetivo de limitar o aumento da temperatura global a +1,5 ºC. No entanto, o documento ignora a eliminação progressiva desses recursos, um dos pontos mais esperados da cúpula. Este anúncio surge após a pressão dos países da OPEP, especialmente a Arábia Saudita e o Iraque, que se opuseram a essa decisão no final de semana.
O rascunho divulgado na sexta-feira pela agência climática da ONU (Organização das Nações Unidas) mencionava a eliminação dos combustíveis fósseis. No entanto, o texto desta segunda-feira fala na “redução do consumo e produção de combustíveis fósseis” para manter o objetivo de limitar o aumento da temperatura global a +1,5 ºC. O documento, elaborado pela presidência da COP28 após dias de negociações complexas, propõe “a eliminação dos subsídios ineficientes aos combustíveis fósseis que incentivam o consumo descontrolado e não resolvem a pobreza energética”. No entanto, a expressão inglesa “phase out”, que significa a eliminação gradual de petróleo, carvão e gás, não aparece no texto, como muitos blocos de países desejavam.
O documento de 21 páginas propõe “acelerar as tecnologias com emissões nulas ou baixas”, o que incluiria “energias renováveis, nuclear” e também métodos de retenção e captura de emissões. Essas tecnologias de retenção de emissões dividem as opiniões dos cientistas e são criticadas por ambientalistas. O texto, divulgado nesta segunda-feira, deve ser submetido a uma sessão plenária de negociadores de quase 200 países, que será convocada pela presidência em breve. As decisões nas conferências climáticas da ONU são tomadas por consenso. Em geral, o texto indica uma redução das ambições climáticas. Os países que assinaram o Acordo de Paris de 2015 “reconhecem a necessidade de reduções profundas, rápidas e sustentáveis das emissões” de gases de efeito estufa e pedem consequentemente “ações que poderiam incluir” toda esta série de medidas. O rascunho não exige que todas as partes apliquem todas as medidas, sem exceção. O texto é “um retrocesso”, criticou a principal aliança de organizações ambientalistas, a Climate Action Network. “Nossas vozes não foram ouvidas”, explicaram os pequenos Estados insulares, os mais ameaçados pelo aumento do nível do mar.
*Com agências internacionais
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