Sexta-feira, Novembro 22, 2024
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Venezuela x Guiana: entenda o papel do Brasil na disputa por Essequibo e como ele pode evitar escalada do conflito

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Guiana e Venezuela vão se reunir nesta quinta-feira, 14, para falar sobre a tensão que se formou entre os países após o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, insinuar uma invasão ao vizinho para reaver Essequibo, região que pertence antiga colônia britânica, mas que Caracas alega que é sua e que foi roubada. Apesar das expectativas, o líder guianês, Irfaan Ali, já adiantou que não pretende discutir com Maduro a questão de Essequibo, região rica em petróleo e minerais, com presença de multinacionais, como a americana ExxonMobil, e que representa mais de 70% do território da Guiana. Em carta enviado nesta quarta-feira, 13, aos líderes da América Latina, Ali declarou que “resolver a fronteira terrestre não é assunto para discussões bilaterais e a questão está devidamente resolvida pelo Tribunal Internacional de Justiça”, diz a carta. “A Venezuela aceitou e reconheceu essa fronteira como a fronteira internacional entre os dois Estados, conforme refletido em todos os mapas oficiais do país publicados durante este período de mais de 60 anos”, acrescenta o chefe de Estado.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que desde o começo sinalizou que poderia ajudar em uma mediação, enviou o assessor especial para assuntos internacionais da presidência da República, Celso Amorim, para São Vicente e Granadinas, onde ocorrerá o encontro, para participar da reunião. O Brasil faz fronteira com os dois países e, em meio a escalada da tensão, reforçou as tropas militares no estado de Roraima – país compartilha quase 800 km de fronteira com o Essequibo. Nessa área limítrofe, há seis municípios brasileiros onde vivem cerca de 140 mil pessoas, entre elas aproximadamente 40 mil indígenas. O Exército “intensificou a ação de presença” da 1ª Brigada de Infantaria de Selva, composta por quase 2.000 militares, para missões de “vigilância e proteção do território nacional”, e enviou 16 veículos blindados à Boa Vista, capital de Roraima.

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O país, que ainda é a grande força da América do Sul, tem um papel importante neste conflito. Conforme a Jovem Pan mostrou, a tensão entre Guiana e Venezuela pode fazer o Brasil continuar sendo uma voz na América do Sul, se fortalecer como uma ativa diplomacia preventiva de conflitos e volar a desenvolver um papel protetor, além de colocar em xeque a alinhamento do governo brasileiro com Maduro. No passado recente, o governo brasileiro já mostrou essa efetividade, inclusive em mandato do presidente Lula, quando ele ajudou a distender uma crise entre Equador e Colômbia, em 2008, após ação militar do Exército colombiano contra as Farcs (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) no território equatoriano. Devido a essas circunstâncias que estão em jogo, o governo brasileiro tem preocupações e um papel importante obre a disputa por Essequibo que precisa ser levado em consideração e faz com que ele se movimente para conseguir uma resolução pacífica.

Invasão passando pelo Brasil 

Apesar de Venezuela e Guiana compartilharem uma fronteira de mais de 700 km, uma eventual invasão de Caracas ao Essequibo por via terrestre teria que passar pelo Brasil. “A fronteira entre Venezuela e Guiana é praticamente totalmente coberta por selva, não tem vias de acesso, condições de deslocar tropas com suas viaturas, apoio logístico para fazer uma invasão diretamente do território venezuelano, o progresso é muito difícil”, disse Paulo Roberto da Silva Gomes Filho, especialista em Ciências Militares. Embora seja remota, o governo reconheceu que leva em conta a possibilidade de tropas venezuelanas ingressarem em território brasileiro para acessar o Essequibo. “Nós não podemos permitir que um país agrida o outro usando nossos territórios. “Tenho absoluta certeza de que isso será resolvido na melhor mesa de batalha que existe, que é uma mesa de negociação”, disse o ministro da Defesa, José Múcio, na segunda-feira.

Militares estrangeiros na Amazônia

O governo Lula teme ademais um efeito subsequente da disputa: uma eventual presença militar estrangeira no continente e na Amazônia. “O que eu temo mais, para falar a verdade, é que você crie precedentes até para ter bases e tropas estrangeiras na região. Não estamos falando de uma região qualquer. Estamos falando da Amazônia, que é sempre objeto de muita preocupação de nossa parte”, admitiu Celso Amorim, em entrevista ao canal Meio. Diante da escala das tensões, os Estados Unidos anunciaram na semana passada exercícios militares aéreos na Guiana diante da escalada. O presidente guianês já declarou que poderia permitir a instalação de uma base dos Estados Unidos em seu território. Caracas havia acusado anteriormente seu vizinho de dar “luz verde” a bases militares de Estados Unidos no Essequibo.

Força de Lula como mediador 

Lula e Maduro são velhos aliados, e não é novidade para ninguém. Para os especialistas ouvidos pelo Portal da Jovem Pan, o alinhamento entre os dois está sendo testado neste momento para ver se ele é “frutífero ou se Maduro não tem nenhum tipo de respeito por esse alinhamento e por questões políticas com o Brasil”, pontua o professor. Lula foi convidado para a reunião de quinta-feira em São Vicente e Granadinas, mas o governo anunciou que Amorim será o representante do Brasil, sem explicar os motivos de o presidente ter declinado o convite. Lula atraiu críticas para si este ano com sua defesa do governo Maduro, especialmente quando disse, em maio, que as denúncias de autoritarismo na Venezuela são uma “narrativa”. O chefe de Estado brasileiro manifestou sua “crescente preocupação” pela crise entre os vizinhos e promoveu uma declaração de países sul-americanos em prol de uma “solução pacífica”.

No sábado, instou Maduro, em uma conversa telefônica, a não tomar “medidas unilaterais” que possam agravar a tensão. Maurício Santoro, professor-colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha do Brasil, considerou que Lula está diante da oportunidade de se apresentar como um moderador bem-sucedido. “O Brasil é o maior país da região, o que o Brasil faz ou deixa de fazer tem impacto grande em política e economia, mas, para que dê certo, vai ter que colocar muita pressão em cima das autoridades venezuelanas”, concluiu.

*Com informações da AFP

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Jovem Pan News

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