Ítalo é mais um jovem jogador brasileiro com o sonho de brilhar na Europa. Teve como porta de entrada, como muitos, o futebol português, atualmente está no futebol russo e quer alcançar o nível mais alto por lá. E vê a Rússia como trampolim, apesar do banimento da disputa de competições internacionais.
Ítalo saiu de Salvador para tentar a sorte no futebol em Florianópolis. Aos 16 anos, deixou sua família na Bahia para atuar nas categorias de base do Figueirense. No clube, estreou no profissional em 2021.
Zagueiro canhoto de 1,91cm, Ítalo tem características desejáveis no mercado. Tanto que saiu do São Bernardo, na Série D do campeonato brasileiro, direto para a primeira divisão de Portugal com o Santa Clara, em 2022.
Os primeiros meses de Portugal não foram fáceis. Ítalo sofreu com problemas físicos e só conseguiu estrear em novembro. Em janeiro, se firmou entre os titulares e, após algumas oscilações, terminou a Liga Portugal com 12 jogos, somando duas partidas ainda na Copa.
“Em Portugal eu tive uma experiência pessoal muito boa, foi um momento muito desafiador na minha carreira: primeira vez fora do país, primeira vez jogando a primeira divisão de um campeonato europeu… Em um primeiro momento, eu estava sozinho lá e no início eu tive uma pequena sequência de lesões. Mas eu pude passar por tudo isso e a cada jogo que vinha eu ia amadurecendo. Tive uma evolução pessoal e profissional muito boa lá, nosso resultado coletivo infelizmente não foi bom, mas para mim individualmente foi algo muito bom para minha carreira, superando momentos difíceis”, contou o defensor em conversa com a reportagem de oGol.
Apesar de toda a dificuldade em Portugal, Ítalo chamou a atenção do Ural, da primeira divisão do futebol russo. Não pensou duas vezes e logo aceitou o desafio no novo país.
“Eu estava nas minhas férias e soube do interesse do Ural, eles estavam precisando de um zagueiro canhoto e gostaram do que viram de mim. Para mim, foi muito interessante, porque seria mais um momento desafiador e eu gosto disso, de poder sair da zona de conforto e desafiar a mim mesmo”, disse o brasileiro.
A experiência na Europa já seria mais “raiz”: Ítalo teria de lidar com um clima diferente, com uma língua diferente, e culturalmente também estaria bem mais distante do Brasil. Mas a presença de um português e de um brasileiro no clube acabou ajudando na adaptação, e Ítalo logo se sentiu em casa em Ecaterimburgo, região montanhosa que fica na fronteira entre Europa e Ásia e a mais de 1,600km da capital Moscou.
“Além de ter jogadores jovens, ter o Kiki e o Guilherme no clube fez com que a minha adaptação fosse mais rápida, até porque dois dias após a minha chegada eu tive que passar por uma cirurgia de apendicite. Mas isso não me afetou em nada, todos do clube me deram todo suporte e me ajudaram para que tudo corresse bem. O clube também me disponibiliza o Ivan, que é o tradutor do clube, me ajuda com a comunicação no clube e fora dele, isso facilitou muito para mim, porque a língua é bem diferente e ter uma pessoa para me ajudar nisso foi muito importante”, ressaltou Ítalo.
Em termos competitivos, o zagueiro brasileiro vê diferenças importantes entre o Campeonato Russo e o Campeonato Português, não apenas no contexto competitivo, mas em termos estruturais também.
“O Campeonato Russo é um campeonato bem competitivo. Diferente de Portugal, em jogos contra os maiores times não tem muita desigualdade. Em Portugal, tem os times grandes com uma diferença absurda aos demais, tanto em estrutura como em nível de time e jogadores. Já na Rússia, tem também uma certa diferença por conta dos times maiores serem financeiramente mais preparados, mas os demais clubes não ficam muito para trás e isso torna o campeonato mais competitivo. Acredito que hoje a Liga Russa não fica muito para trás dos demais campeonatos”, analisou o zagueiro.
O fato de os clubes russos estarem banidos de competições europeias por conta da invasão na Ucrânia não tira a visibilidade da liga local, que para Ítalo continua sendo uma vitrine importante para um salto maior na Europa.
“(O banimento) Influencia no caso de não jogarmos os campeonatos europeus agora, mas acho que não influencia na visibilidade, porque ainda assim é um campeonato bom e a nível europeu. Para mim, estar em um clube top de nível mundial depende mais de mim e do meu futebol”, ressaltou o brasileiro, que vê com bons olhos seu desempenho na liga até aqui, mas persegue a evolução.
“Eu estou feliz com o meu desempenho até aqui, mas acredito e sei que ainda vou performar melhor, porque me sinto melhor e mais adaptado a cada jogo que passa. O objetivo do clube hoje é se manter na primeira divisão e ficar na primeira parte da tabela”, destacou.
Ítalo soma 17 jogos na temporada, 12 como titular, e 1210 minutos em campo. “Fugindo” um pouco do rigoroso inverno russo (a mínima neste sábado foi de -18 graus em Ecaterimburgo), o zagueiro está em férias no Brasil, e traz com ele o mesmo sonho do Ítalo que saiu para Portugal em 2022: o de atuar em grandes equipes da Europa, e de também defender a seleção brasileira.
“O meu grande objetivo hoje é ajudar o meu time a concluir os nossos objetivos, mas os meu objetivo individualmente é amadurecer, evoluir para que eu possa chegar onde eu sempre sonhei em chegar. Eu vejo e acredito que eu jogarei em grandes times do futebol mundial, que brigam pelos maiores títulos e ainda chegarei na seleção brasileira. Tenho muita convicção nisso e acredito em mim e no meu futebol para isso se realizar um dia”, finalizou.
Fonte: Ogol
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