O presidente da Argentina, Javier Milei, defendeu nesta quinta-feira, 21, o megadecreto que visa desregular a economia do país. Como a Jovem Pan mostrou, o pacote prevê revogações de leis nos setores imobiliários, de abastecimento, de controle de preços, além de novas regras para a legislação trabalhista e a conversão de empresas públicas em sociedades anônimas para que sejam privatizadas. No total, são 300 revogações. Apesar de ter optado por decretos de necessidade e urgência, os decretos passarão por análise dos parlamentares. “Aviso que vem mais. Em breve vocês vão ficar sabendo. Vamos convocar sessões extraordinárias e enviar um projeto de lei para a modificação do Estado”, disse em entrevista à rádio Rivadavia nesta quinta.
No pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV nesta quarta, Milei afirmou que a crise fiscal enfrentada pela Argentina ocorre por responsabilidade da classe política, que, segundo ele, “nunca quis enfrentar o problema”. “As crises na Argentina têm origem na mesma causa: o déficit fiscal. Nos últimos 123 anos, em 113 tivemos déficit fiscal”, disse. “Mas como a classe política nunca quis enfrentar o problema, recorreu ao aumento de impostos ou a impressão de moeda para financiar esse déficit”, acrescentou. O “megadecreto” do novo presidente foi o segundo pacote de medidas econômicas anunciado desde a posse. Há duas semanas, ele desvalorizou o peso, congelou obras públicas e reduziu subsídios e repasses federais a províncias do interior do país.
Os decretos ocorrem no mesmo dia em que os argetinos foram às ruas protestar contra o presidente. Entretanto, o movimento registrou uma baixa adesão. O policiamento foi reforçado em Buenos Aires. O plano para conter a manifestação foi elaborado pela ministra da Segurança, Patricia Bullrich, candidata da direita tradicional que se juntou a Milei depois de amargar o terceiro lugar na eleição. Ao lado dela, o presidente assistiu a operação na sede da Polícia Federal, em Buenos Aires. A ministra reforçou que os manifestantes que bloquearam as ruas serão punidos. “As pessoas são livres. Se cometessem o delito previsto pelo protocolo que se aplicou hoje, teriam como consequência a perda do plano e se não fizessem não teriam consequências”, disse a ministra. “A maior parte das pessoas decidiu não ir porque a medida que temos para esse tipo de protesto é de, em média, 20 a 50 mil pessoas. Hoje o número foi totalmente reduzido”, acrescentou.
Depois do anúncio do “megadecreto”, milhares de pessoas se concentraram em frente ao Congresso Nacional, em Buenos Aires, para protestar. Um grupo de manifestantes batia em panelas, em uma cena semelhante ao que ocorreu em 2001, quando uma crise levou à renúncia do então presidente Fernando de la Rúa. O pacote anunciado por Milei também gerou reação da oposição e de sindicatos, que ameaçam judicializar o assunto e promover paralisações como forma de protesto.
*Com informações do Estadão Conteúdo
Fonte: Jovem Pan News
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