Camisa da discórdia. Uma simples e habitual troca de camisas após uma partida instaurou um clima fúnebre no vestiário da seleção de Guiné. O jogo não foi um qualquer, nem a camisa também. A raiz da história esdrúxula é o encontro entre Brasil e Guiné, ocorrido em junho deste ano. A camisa era de Vinícius Júnior e o felizardo a recebê-la foi Morlaye Sylla, que passou de feliz a infeliz numa fração tão rápida que ficou sem a camisa e sem a vaga na Copa Africana de Nações.
A partida histórica, primeira entre a seleção brasileira e os africanos, foi vencida com facilidade pelo Brasil por 4 a 1. A seleção ainda era comandada pelo interino Ramon Menezes, de passagem fraca e com derrota nos outros jogos em que esteve à frente da Canarinho, contra Marrocos e Senegal.
O amistoso, que para o Brasil mais parecia uma Data Fifa sem grande importância por não rivalizar com adversários à altura, acabou por ser uma festa para os guineenses. Ao final do jogo, os atletas de Guiné correram para sair com um prêmio da partida, que seria a camisa da estrela Vinícius Júnior. Quem conseguiu fazer a troca e ainda ganhar uma foto com o jogador foi Morlaye Sylla.
Reserva no jogo, Sylla entrou no segundo tempo, quando o Brasil vencia por 3 a 1, e viu a partida terminar com mais um gol, marcado justamente por Vini, de pênalti, próximo dos acréscimos. Logo após o jogo, o jogador, que defende o Arouca, de Portugal, aproveitou para exaltar o brasileiro.
“Para se tornar o melhor no seu campo, tem que se juntar ao melhor. O futebol une e une as pessoas. Adiciono minha voz à do Vinicius, e protesto contra o racismo. Racismo não tem lugar no futebol”, escreveu Sylla nas redes sociais, provavelmente antes de saber que teria sua relíquia afanada dentro do próprio vestiário.
Segundo conta o jornal Le Quotidien, a camisa de Vinícius Júnior teria sumido no vestiário logo após a partida. O meia, imbuído pela revolta, teria acusado outros jogadores e o próprio treinador, Kaba Diawara, de o terem roubado. A acusação não caiu bem entre o grupo, o que teria instaurado um clima tenso entre os convocados e a comissão técnica.
Após o fatídico dia 17 de junho, do encontro entre Brasil e Guiné, fato é que Morlaye Sylla só voltou a ser convocado uma vez pela seleção. O meia entrou em campo em setembro, no último jogo da fase de classificação para a Copa Africana contra Malawi – e inclusive foi titular. Sylla jogou quatro dois seis jogos da fase classificatória, mas ficou de fora da lista final. Se a camisa da discórdia foi a razão ou não, talvez nunca saberemos.
Fonte: Ogol
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