Quem acompanha a Premier League deve conhecer o nome. Troy Deeney teve seus bons momentos na elite inglesa e pode recordar com certo orgulho de sua carreira. A primeira experiência como técnico, no entanto, durou apenas seis jogos e ficou marcada pela forma como se despediu. No que talvez tenha sido a coletiva mais sincera e brutal da história, Deeney humilhou seus próprios comandados.
Deeney certamente não esperava grande qualidade técnica dos atletas do Forest Green Rovers, da quarta divisão inglesa. Mas também não esperava que a situação fosse tão drástica. O recém-contratado treinador participou de seis jogos, com três empates e três derrotas, e viu o time cair da penúltima para a última posição no campeonato. A derrota para o Harrogate Town foi a gota d’água para o desabafo do ex-atleta.
“Fácil de explicar (a derrota). Mais um jogo, mais uma expulsão. Não foi uma expulsão por conta de um carrinho errado. Foi preguiçoso, desleixado”, começou Deeney na coletiva pós-jogo.
No caso, o atleta expulso por “desleixo” foi o espanhol Álex Rodriguez, de 30 anos, um dos mais experientes do elenco. E se engana quem pensa que Deeney foi muito duro com o jogador. Na realidade, o treinador até deu ao volante o “benefício da dúvida”, uma simpatia que não teve por outros jogadores.
“Meu trabalho é tentar salvar esse clube em curto prazo. No momento temos muitos bebês, e não falo apenas dos jovens jogadores. Temos muitos bebês de cima a baixo”, disparou sobre o cenário no Forest Green Rovers.
Deeney criticou o seu próprio time sem dó. Para o treinador, o jogo não flui, os jogadores não fazem o que são orientados a fazer em campo e parecem jogar sem motivação.
“O primeiro tempo foi tão enfadonho que eu preferia assistir o Antiques Roadshow (programa que mostra negociações de antiguidades na TV inglesa). Sem ofensas a quem gosta do programa”, analisou.
Com larga experiência na Championship, em outro patamar competitivo, Reece Brown não teve o mesmo “carinho” de Álex. O meia, de 27 anos, deveria ser a estrela do setor, mas não consegue sequer cumprir com suas obrigações profissionais.
“Ele é meu principal meia, mas não consegue aparecer no trabalho na hora. Se você fosse o chefe e alguém chegasse atrasado duas vezes em dois dias, você o escalaria? Confiaria nele? Ele deveria ser o líder, mas qual exemplo ele dá”, criticou.
Fankaty Dabo, cria do Chelsea e também com experiência na segunda divisão, foi outro a sofrer com a ira de Deeney. O zagueiro teria escutado depois desculpas do treinador pela forma como foi tratado.
“Dabo esteve muito mal outra vez e eu avisei que ele não vai jogar o próximo jogo. Ele simplesmente não tem sido bom o suficiente nas últimas oito ou nove semanas, por que vocês acham que cheguei a o deixar de fora de jogos?” desabafou.
“Eu falei com ele na frente de todos. Seis meses atrás, o garoto teve a chance de chegar na Premier League (pelo playoff da Championship), agora ele é deixado de fora da quarta divisão. O problema é ele ou eu?”, completou.
“Ele é mais rápido que todos, mas é batido todos os jogos, nunca ganha divididas e toda vez que a bola chega nele, parece que ele as chuta com a canela”, finalizou.
Deeney garante nunca ter visto tantas situações “sem noção” em um clube. Não verá mais por lá. Acabou demitido. Quem quiser escutar a coletiva completa, em inglês, pode o fazer aqui no site da BBC.
Fonte: Ogol
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