Em 2013, quando jogou em estádios como Emirates e Signal Iduna Park, pela Champions, ou mesmo quando atuava em jogos do Paranaense em Curitiba, Lucas Mendes dificilmente imaginava que no dia 10 de fevereiro de 2024, estaria disputando a final da Copa da Ásia pelo Catar. Uma trajetória um tanto aleatória para o curitibano de 33 anos.
Piá do Couto, Lucas Mendes estreou como profissional do Coritiba ainda em 2008. Jogando na lateral esquerda, se firmou em um elenco vitorioso do Coxa, sendo tricampeão paranaense, campeão da Série B e vice da Copa do Brasil.
Em 2012, na elite do futebol brasileiro, disputando também a Sul-Americana e perdendo a final da Copa do Brasil para o Palmeiras, Lucas Mendes chamou a atenção do Olympique Marseille, da França, e para lá se mudou em setembro.
A estreia no futebol francês foi em outubro, com gol e assistência contra o AEL Limassol, pela Liga Europa. O lateral recebeu a número 4 e, aos poucos, foi se tornando zagueiro.
Mendes foi titular em 30 dos 33 jogos que fez na primeira temporada na França. Ajudou o Marseille a garantir um lugar na Liga dos Campeões do ano seguinte com o vice-campeonato francês, atrás na tabela apenas do poderoso PSG.
O brasileiro jogou sua primeira e única Champions, mas o Marseille caiu na fase de grupos, em chave que tinha Arsenal e Borussia Dortmund. A campanha na Ligue 1 não foi tão consistente, com um sexto lugar. Lucas jogou menos: 28 vezes.
Ainda assim, o zagueiro foi bem quando esteve em campo e era visto como um titular absoluto pelo técnico Marcelo Bielsa. Pouco depois da estreia do time na nova temporada, porém, o presidente Vicent Labrune aceitou uma proposta de 5 milhões de euros do futebol catari por Lucas Mendes. Bielsa, dias depois, se mostrou insatisfeito com a venda do defensor.
Enquanto a tensão seguiu entre a diretoria francesa e Bielsa na França, Lucas Mendes começou a construir sua história no Catar. O brasileiro já defendeu por lá El Jaish, Al-Duhail, Al-Gharafa e Al-Wakrah.
Na atual temporada, completa dez anos no futebol catari. São 183 jogos na liga local, com 96 vitórias, 42 empates e 45 derrotas. Marcou oito gols e foi campeão da liga uma vez, na temporada 2017-18 pelo Al-Duhail.
Assim como outras seleções que jogam a Copa da Ásia, como os Emirados e Hong Kong, a seleção catari também apostou em atletas nascidos fora do país. O processo é demorado, e não são muitos os atletas nessa situação. O português Pedro Ró-Ró é outro naturalizado do elenco, além de Mendes. O lateral lusitano está no Catar desde a temporada 2010-11. Ou seja, chegou ainda antes de Mendes.
Escolher viver no país por muito tempo, se adaptar a cultura local e provar ser uma referência em campo são alguns dos fatores imprescindíveis para conseguir a naturalização para defender a seleção. Lucas Mendes nunca escondeu que esse era o seu desejo.
Em novembro de 2023 fez a estreia, contra a Índia, pelas Eliminatórias. Logo se mostrou imprescindível. Na Copa da Ásia, foi titular absoluto e jogou todos os minutos nas cinco partidas que fez. No sábado, após poucos meses defendendo a seleção, pode conquistar seu primeiro título. Algo que nem passava pela cabeça do Piá do Couto anos atrás. Mas que está perto de se tornar realidade para Lucas Mendes.
O Catar, campeão da Copa da Ásia pela primeira vez em 2019, defende o título contra a surpresa da competição, Jordânia, às 12h (de Brasília), no estádio Lusail.
Fonte: Ogol
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